Identidades
Estou farto de saber não ser Deus! Estou farto de saber que o meu presente, eu devo ao meu passado, como também estou farto das inúmeras identidades em ruínas. A individual me desqualifica o julgar em qualquer tempo, pois nada sei e nada sou. A cultural me dá uma ilusão de uma melhor qualificação por ser rica nos costumes e tradições. A essa, jamais posso negar, ainda que a sociedade me rejeite. Meus dejetos, os guardo em local devido para não ser precarizado ou excomungado na comunhão da Santa Ceia aberta a todos, hipoteticamente. Sim, hipoteticamente, pois a minha mente não mente. Agoniza. Sim, a cultural também agoniza em alguns lugares onde os deuses são deuses de si, lamentavelmente. Prefiro então, não ter identidade e assim, caminho leve e livre e ainda consigo sair no lucro que nenhuma identidade pode me oferecer. Sou o que dá pra ser nessa caminhada alinhada a um ninho do qual não faço parte, pois aço sou. Vou me adequando à s identidades que podem ser e não as perco de vista, apenas as guardo e aguardo na transitoriedade do tempo, para então, melhor assimilá-las. Fito uma identidade no espelho que não me projeta a nenhum lugar, salvo o comum de identidades pontuais e dependendo da ocasião, faço uso de minha identidade corpórea sempre. É automático, com caixa de càmbio a depender do local. O passado revela a todos, o presente a alguns e o futuro, a ninguém. Sobram-me passado e presente, ainda que ausente de mim e dos outros, o que não me impede de ter minha própria identidade.
Marcos Alexandre Martins Palmeira |