Fui crente,
fui ateu,
fui agnóstico,
fui tudo ao mesmo tempo,
num só dia,
no mesmo instante.
Hoje procuro.
Sei que não há transcendências.
Sei que não há corporificações.
Sei que não poderei saber concretamente a existência de Deus.
Sei que não poderei negá-la.
Sei que estou presente e que deixarei de estar.
Sei que sempre houve e haverá presenças.
Sei que fora de mim nada existe.
Sei que, se há uma, duas e três possibilidades, há o infinito.
Sei que não poderei saber se há o absoluto.
Sei que há convicções e fés na afirmação e na negação.
Sei que todas as possibilidades humanas não se concentram em mim.
Sei que eu sou apenas eu, mas tenho de me resolver.
Sei que sei apenas isso, nada mais.
O que sei?
Nada sei!
Aliás, como Sócrates.
Mas Sócrates resolveu-se de alguma forma
ou foi resolvido, pois passou
como passa a folha — que se transforma —,
assim como suas idéias — que deixaram de ser suas —.
Sou crente — sou agnóstico — sou ateu.
E sou único — dentro da minha unidade.
15.10.58.
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