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Artigos-->8. UM POUCO DE PACIÊNCIA -- 25/08/2001 - 08:20 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Os que se atrevem a este tipo de leitura quase sempre se determinam a encontrar idéias luminosas que lhes abram o caminho da recuperação. Quando lêem que tudo ou quase tudo depende exclusivamente de uma atitude saudável, contrária, portanto, ao procedimento costumeiro, porque, se assim fosse, não se teriam metido em camisas de onze varas, sentem-se frustrados, inoperantes na frente de um futuro de sacrifícios, de voluntário abrir mão de tanta coisa prazerosa, de hábitos e de vícios constrangedores, particularmente se fazem parte de grupo interessado em usufruir o que possam obter no dia-a-dia das drogas.



Se, entretanto, estivéssemos capacitados para o aconselhamento promissor de vitórias fáceis, não seria muito mais lógico esperar da gente que não tivéssemos a trabalheira destes textos? Aí, seria desenvolver alguns tópicos incisivos, com estas e mais aquelas recomendações de exercícios físicos e outros tantos espirituais e patati, patata. Se não existem remédios ou fórmulas farmacológicas com poder de neutralizar os efeitos danosos dos produtos alucinógenos e quejandos (ou seja, de mesmo gabarito), quem somos nós para fortalecer as esperanças de rápido restabelecimento das primitivas condições (usemos o palavrão) psicossomáticas?



O irmão drogado sente de modo muito profundo a rejeição da sociedade, não porque tenha um comportamento estranho, mas porque se constitui numa constante ameaça à segurança das famílias, em todos os sentidos, quer no do simples aliciamento dos jovens para o equilíbrio das finanças do tráfico (isto é: sem venda não existe produção, o que é evidente), quer na prática dos próprios atos de incentivo pelas palavras e pelo exemplo, quando a sua parte na contribuição para a economia geral através do trabalho se derrui completamente.



Estamos referindo-nos ao que se entrega ao abuso e se encontra quase perdido. Mas existem os que estão se iniciando, os que ainda pensam que um pouco só não constitui perigo, os que denominam as drogas que consomem como as mais fracas, os que se apegam ao vício social da bebida como desculpa para os porres semanais (que vão se tornando diários), os que se dizem nervosos e, portanto, carentes dessa assistência dos fármacos, os que têm insônia e buscam os tranqüilizantes e sedativos, quando deveriam verificar quais são as causas do procedimento estressado, e assim por diante.



Chegamos a este ponto e expressamos o pensamento mais importante da mensagem: a descoberta das causas, das razões, dos motivos imperiosos, dos coatores emocionais, dos distúrbios psicológicos, das imperfeições morais, intelectuais...



Não queremos ofender ninguém, porém, se prosseguirmos nesta linha de exposição, fatalmente vamos ter de levantar elementos ou questões que arremessarão os raciocínios para campos em que a vontade se vê soberana, em função das atividades todas. É claro que, a partir de certo momento, os irmãos drogados se vêem impossibilitados de reagir sozinhos. Mas também não aceitam a intervenção de ninguém. A experiência do nosso grupo nos demonstra que, mesmo quando companheiros morreram através da chamada overdose, nós não parávamos para refletir a respeito da possibilidade de o mesmo ocorrer conosco.



Era como se estivéssemos aproveitando todos os recursos disponíveis, como se estivéssemos absolutamente cônscios de todos os princípios emocionais, como se nada mais havia para ser descoberto no campo das criações intelectuais, como se o universo se resumisse em uns poucos anos de vida ativa e outros, ainda em menor quantidade, de vida neurovegetativa, que é como hoje em dia consideramos os períodos de afastamento da realidade para a curtição dos baratos.



Vejam que não estamos desconsiderando a inteligência de ninguém. Ao contrário, esforçamo-nos por corresponder às expectativas dos leitores menos propensos ao desprezo dos vícios. Quem sabe até estejamos engodando-nos, por julgar que alguém poderá aproveitar estes dizeres ainda desequilibrados, como se escrevêssemos sob o embalo de algum narcótico mais apropriado ao plano da espiritualidade. É que o nosso desempenho não se coaduna com o dos mestres, que nos dão esta chance de revelar que estamos lamentando profundamente ter perdido as oportunidades que nós mesmos havíamos rogado, às vezes com muita ênfase nas promessas de restauração de antigos vínculos com companheiros sempre perniciosos pela prática de vinganças através das atitudes impensadas de quem não possui os elementos cristãos impressos na mente, muito menos no coração.



Lamentaríamos o fato de não chegarmos até este ponto das dissertações; iremos lamentar muito mais se surtirem efeito contrário ao desejo amigável do alerta oportuno. Tenham paciência para conosco e para vocês mesmos: não se arremetam de cabeça no próximo consumo, seja do que for. Parem para pensar e vejam se não há nada melhor para fazer. Examinem se não estão desejosos de ferir alguém. Quase sempre existe uma ou mais pessoas que ficarão entristecidas ou furibundas, que se sentirão magoadas e, aí, vocês (sentido alegórico) acham que estarão praticando um ato de profundo revide contra elas. Mais freqüentes ainda são os casos em que os drogados se consideram inferiores, se julgam culpados de algo terrível, pensam que não obtêm sucesso em nada mais produtivo por falta de apoio do próprio arcabouço de recursos pessoais, desanimam e dizem que tudo está indo por água abaixo...



Qual há de ser a desculpa agora? Sempre há uma nova ou sempre se repetem as mesmas? Ou a fase das desculpas foi passada para trás?



Um dos colegas, que fumava craque na praça, que morreu muito moço, baleado pela polícia quando praticava um assalto, quer que eu descreva o seu sentimento na época das piores fantasias. Mas os professores não permitem, porque seria chover no molhado (quase dizia incidir no conhecimento mais impregnado na mentalidade dos irmãozinhos com desajustes).



Não vamos abrir o jogo completamente, uma vez que as informações que estamos recebendo são de tanta ordem e tão profundas que fariam os parceiros encarnados desconfiarem de que estamos ficando malucos. Mas basta dizer que o perigo reside em ficar marcando passo nessa longa estrada de sofrimentos, porque, não se iludam, o regresso ao etéreo é penosíssimo, dado que os vícios se impregnam no corpo espiritual, justamente aquele que os espíritas chamam de perispírito, e o cara não tem como satisfazê-los. Se é tão difícil enfrentar uma clínica de desintoxicação, onde, aos poucos, os elementos químicos da dependência vão sendo retirados, o que se dirá de se ver o irmão às voltas com a total falta de ingredientes para compensar os desejos, os impulsos, a vontade, a gana?



Não queremos passar a idéia do castigo. Estamos demonstrando o que ocorre na realidade. O sofrimento é muito forte. Não vale a pena o prazer do presente à vista do desespero do futuro.



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