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Cartas-->MÉDICOS. -- 24/02/2009 - 15:02 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

MÉDICOS.

Ana Zélia

__ Doutor, salve meu filho!
__ Doutor! É meu pai, minha mãe, meu marido, minha mulher, é um amigo.
__ Doutor! Você estudou tanto para salvar vidas, servir a humanidade.
Ganha tão pouco, mas deve servir tanto. É o lamento popular.
O desespero do enfermo te faz ver quanta miséria há no mundo. Culpa de governos e governos que relegaram as populações à miserabilidade.
O descaso é pior que os campos de extermínio de Hitler.

__ Doutor! Não me deixe morrer. Salve minha vida.
Implorei-te um dia, tantos te implora diuturnamente.
A Medicina parou. As pessoas morrem de tuberculose, AIDS, CÂNCER, FOME! FOME!...
A Tecnologia avança os homens não. Meu Deus! Até quando? Até quando?
Até quando?...

Os médicos são humanos iguais a nós. Merece nosso respeito e consideração.
Sofrem a pressão social. Possuem o dever mais altivo a um homem.
SALVAS VIDAS.

A violência social principalmente nas periferias onde a Lei é a faca, à bala... De tanta crueldade a maioria se torna frios, insensíveis, apáticos ao clamor humano.

A desgraça vira rotina a eles. Mas o médico tem o dever divino de ser superior.
SALVAR VIDAS DESTRUIDAS, é uma missão árdua. Um verdadeiro sacerdócio. Os clamores são ouvidos a todo instante.

__ Doutor! Por favor, não me deixe morrer! É a frase mais popular que escuta.

Uma infeliz mulher vítima da violência nos lares, dava entrada num Pronto Socorro com 38 facadas que lhe dera o marido.
Balbuciava: __ Tomem, conta dos meus filhos! __ Tomem conta dos meus filhos!...
Uma ladainha que se extinguia a cada minuto. Morria lentamente.
Sua última frase de desespero foi:

__ Doutor! NÃO ME DEIXE MORRER!...
Estava morta.
+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Artigo publicado no jornal “A Crítica”, em 18.10.1989

Nota da autora. Em 1978 finalista de Direito, cursava Medicina Legal. Numa aula prática dentro do Necrotério que ficava próximo ao Pronto Socorro Universitário, presenciei a chegada de uma jovem senhora que separada do marido dormia com seus filhos. Pela madrugada o maldito bateu à porta e ela foi atender e sem pena, sem dó, cravou-lhe 38 facadas. Mesmo assim ela tentava resistir pelos filhos e entrou no Pronto Socorro pedindo que tomassem conta de seus filhos. Quando vi aqueles jovens acadêmicos de Medicina apáticos, perdi o controle, segurava nas mãos daqueles homens e pedia que colocassem gases naqueles buracos que sangravam tanto. Um médico se aproximou e ela falou: Doutor não me deixe morrer!... (Estava morta).
Chamaram meu professor e ele foi explicar que naquele caso não havia milagres, nada podiam fazer. Foi muito forte até hoje, estou chorando como se tivesse presenciando o mesmo fato que vi aos cinco anos de idade quando um bandido matou a companheira com uma facada no vão, enquanto ela penteava os dois filhos. Conversava com Dona Creusa, quando presenciei o crime. Quis ser Delegada de Polícia para não dar trégua a nenhum daqueles homens maus. Fui Promotora de Justiça de São Gabriel da Cachoeira, passei três dias naquela Comarca e desisti, iria para o Júri Popular, onde atuei uma vez, como assistente da Defesa. Passei quase uma vida como Secretária de uma Câmara Criminal no Tribunal de Justiça do Amazonas.
Hoje, como poetisa continuo escrevendo e dizendo às mulheres que só o estudo nos ajuda a vencer. Somos guerreiras, vencedoras. Manaus, 24.02.2009 (Ana Zélia)





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