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Cartas-->RIO NEGRO- PAULINO DE BRITO -- 25/10/2011 - 16:56 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

RIO NEGRO.

PAULINO DE BRITO.

Na terra em que eu nasci, desliza um rio
ingente, caudaloso, porém triste e sombrio;
como noites sem astros, tenebroso;
qual negra serpe, sonolento e frio.
Parece um mar de tinta, escuro e feio:
nunca um raio de sol, vitorioso, penetrou-lhe no seio;
no seio, em cuja profundeza enorme, coberta de negror,
habitam monstros legendários, dorme toda a legião fantástica do horror!

Mas, dum lado e doutro lado,
Nas margens, como o quadro é diferente!
Sob o dossel daquele céu ridente dos climas do equador,
há tanta vida, tanta, ó céus! e há tanto amor!
Desde que no horizonte o sol é nado até que expira o dia,
é toda a voz da natureza um brado imenso de alegria;
e voa aquele sussurrar de festas, vibrante de ventura,
desde o seio profundo das florestas até as praias que cegam de brancura!
Mas o rio letal, como estagnado e morto,
Arrasta entre o pomposo festival lentamente, o seu manto perenal
de luto e desconforto!
Passa _ e como a morte tem no seio!
Passa _ tão triste e escuro, que disséreis, vendo-o, que ele das
Lágrimas estéreis de Satanás proveio; ou que ficou, do primitivo dia,
Quando ao _ “faça-se” _ a luz raiou no espaço,
Esquecido, da terra no regaço, um farrapo do caos que se extinguia!

Para acordá-lo, a onça dá rugidos que os bosques
Ouvem de terror transidos!

Para alegrá-lo, o pássaro levanta voz com que a própria penha se quebranta!

Das flores o turíbulo suspenso manda-lhe eflúvios de perene incenso!
Mas debalde rugis, Brutus ferozes!
Mas debalde cantais, formosas aves!
Mas debalde incensais, mimosas flores!
Nem cânticos suaves, nem mágicos olores, nem temerosas vozes
O alegrarão jamais!... Para a tristeza atroz, profunda, imensa que o devora,
nem todo o rir que alegra a natureza!
nem toda a luz com que se enfeita a aurora!
O meu rio natal!
Quanto, oh! Quanto eu pareço-me contigo!
Eu, que no fundo do meu ser abrigo uma noite escuríssima e fatal!
Como tu, sob um céu puro e risonho
Entre o riso, o prazer, o gozo e a calma,
Passo entregue aos fantasmas do meu sonho
E as trevas de minha alma!
(Do livro CANTOS AMAZONICOS – Poesias- Pará-Brasil- 1900)
Da ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS.xxxxxxxxxxxxxxx

Ler em complemento MANAUS! 342 anos! Ana Zélia
LER- ENCONTRO DAS ÁGUAS (Quintino Cunha)

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