O ABRAÇO.
Ana Zélia
Um abraço apenas, quem me daria?
O vento que me acaricia o rosto, os sonhos que me transportam aos lugares
mais longínquos do planeta?
Os filhos que coloquei no mundo.
Os fantasmas que cruzaram e sombreiam meus caminhos?
Não sei. Qualquer resposta seria inepta, faltariam argumentos convincentes.
Passei dos trinta, sessenta, caminho a passos largos aos noventa.
No outono da vida, a natureza começa a traçar novos riscos, marcas; sulcos mais
profundos vão ficando na pele flácida.
Somos árvores envelhecidas, corroídas pelos cupins, aguardando um vendaval mais forte para tombá-las,
deixando à mostra suas raízes.
Sinais do tempo.
Algumas pelo nome e qualidade da madeira sobrevivem em peças mortas, entalhadas;
outras queimarão nas caieiras, caldeiras, transformadas em carvão de pedras ou pó...
E o abraço? Este ato tão simples e importante.
Ficará para um futuro.
BEM MAIS DISTANTE.
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Poema participante do concurso talentos da Maturidade. Banco real-2006
Notas do autor- Quantas vezes estamos tão perdidos, sofridos, carentes e um remédio tão simples seria a solução.
Um abraço.
Ninguém pensa nisto, nem no valor que este ato é capaz de realizar milagres
. Devíamos adotá-lo como ato corriqueiro. Diário. Abrace seus filhos, maridos, esposas, companheiros, colegas de trabalho...
Todos. Ana Zélia
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