MEU CANTO!
Ana Zélia
Canto pra almas penadas.
Canto pra gente sem almas.
Canto num mundo vazio, distante de passados brilhantes onde as letras
diziam tudo e o canto se fazia ouvir...
Meus ídolos morreram todos...
Restou o silêncio do canto.
As badaladas dos sinos, contrariando protestos constantes...
Mataram os bem-te-vis, não se ouve mais o grito das araras,
o imitar dos papagaios. o cacarejar das galinhas, o canto do galo.
Só temos "espinhos gelados..."
Não canto, perdi a voz que vibrava ao compasso do braço,
das teclas do piano...
Morri e esqueci de partir.
Continuo vagando, tentando emitir o grito preso na garganta.
Manaus, 05 de abril de 2012.
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Nota da autora- Relembrando a cantora gaúcha Berenice Azambuja que dizia: "QUERIA ATRAVÉS DO CANTO,
DIZER O QUE ALMA SENTE. EU CANTO MAS NÃO CONSIGO.
SE FALO NINGUÉM ME ENTENDE".
MUNDO, GENTE, CORPOS SEM ALMA, CORAÇÃO FRIOS, fazer o quê se sou sensível, poetisa,
tento fazer vibrar corpos sem alma, é missão do poeta que como Castro Alves tenta ser "O fotógrafo de sua época, o delator
de seu tempo.
Se alguém me ouvir, cante comigo o grito dos que não se calam, mesmo mortos. Ana Zélia
Ps: Leiam em artigo- QUANDO CANTAR VIROU TRAUMA. Obrigada Ana Zélia
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