Miscelânea visual
maria da graça almeida
Suga o bom, engorda o mau.
Terra dos Silvas, dos Santos,
das Marias e Anas;
do um só na multidão;
dos palácios e choupanas;
das ruas, dos malabares;
dos pagãos e dos altares.
Terra que minha inda não é
e sua jamais será.
Calidoscópio a confundir
buzinas frenéticas
com freadas sonoras;
serestas encomendadas,
com fios que se cruzam
na melancolia da fala
de gente que abusa
do berço que a embala.
Vislumbrando o semáforo do dia,
no céu que hoje apenas veste jeans,
busco as faces que absorveram
o véu da chuva franzina
e procuro pelas retinas
onde o cinza se perdeu...
A cidade, travestida
de fartura e fome,
desistiu de ser menina,
pois, solicitada, endureceu.
São Paulo agora é homem,
que maduro não sucumbe
diante de sua sina
e com braços enormes
acolhe sem jeito
almas em corpos sem nome
e corpos com almas disformes.
maria da graça almeida
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