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Cronicas-->O sucessor -- 21/04/2023 - 14:23 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

      O sucessor

Aroldo Arão de Medeiros

Sofrendo de Alzheimer, o chefão do narcotráfico da Galícia planeja se aposentar e deixar o império para um herdeiro.

Pela primeira vez na vida, algo deixou-me plantado, ou melhor, sentado no sofá, por quase vinte horas. Todo dia, assistia pelo menos um episódio por noite.

A Netflix presenteou os telespectadores com o seriado que no Brasil recebeu o título de “O Sucessor”. Na Espanha é conhecido como “Vivir sin permiso”. O enredo apresentado é sensacional.

Olha eu aí, fazendo propaganda da Netflix. Poderia ser o garoto-propaganda da produtora de filmes e seriados, porém como a minha idade não condiz com esse papel, me contento com o epíteto, “coroa-propaganda”.

A intriga mistura crime organizado com casos de família.

A atuação do personagem Nemo Bandeira (José Coronado), com Mal de Alzheimer é estupenda.

Quero fazer uma comparação entre Nemo e Arão, meu pai. A atuação de meu pai na vida real bota Nemo na “zapatilla”. Não sofre dessa doença e o que o atrapalha um pouco é a dificuldade para caminhar.

As diferenças entre “O sucessor” e a vida do seu Arão aparecem em vários aspectos. Nemo tem 70 anos e Arão, 97. Nemo é traficante, primeiramente de cigarros e posteriormente de cocaína. Arão traficou amor, suor, musicalidade, religiosidade e verdades.

Nemo tem que decidir quem vai substituí-lo nos negócios, quando vier a faltar. Tem três filhos. Um não quer nada com a voz do Brasil, isto é, da Espanha. Uma das filhas a quem ele não morre de amores, é uma das mais interessadas na fortuna do velho. A outra filha que ele ama como amou a mãe, não quer saber dos negócios do pai que a desprezou e também a mãe. Quase ia me esquecendo do seu braço direito que o imita e está a fim da fortuna, independente de como a conseguirá.

Arão, não tem muito o que deixar em bens materiais, mas o exemplo de vida é, na medida do possível, copiado pelos filhos.

O drama se passa na Galícia, na localidade que se chama Oeste. Local bucólico, à beira da praia. É uma similaridade muito forte com o local em que nasceu o seu Arão e viveu até os 20 anos.

Voltando à doença citada, Nemo esquece que tomou café, vindo a tomar duas vezes seguidas. Escapam-lhe da memória fatos fortes, como não se lembrar que assassinou alguém e até empurrar seu braço direito no precipício pensando que era o pai dele, que um dia havia odiado.

O epílogo acontece quando seu homem de confiança lhe dá um tiro, porque não se lembrou do nome dos filhos. Ordem cumprida, pois o mesmo tinha dito que quando ele esquecesse o nome dos rebentos, tirasse-lhe a vida.

Arão tem memória espetacular. Lembra-se de datas, acontecimentos e nomes de pessoas como ninguém. Para exemplificar, estávamos eu, ele e uma das filhas conversando, quando veio a pergunta:

– Pai, o senhor sabe o nome dos doze apóstolos?

Explicando melhor, não eram os personagens da Bíblia e sim doze funcionários do escritório do porto onde trabalhava. Deu nome e até apelido. Disse ainda com um pouco de orgulho que dois ainda estão vivos e o que foi seu chefe, é um ano e três meses mais novo e anda de cadeira de rodas.

Os sucessores do seu Arão, falo por mim, querem ser pelo menos cinquenta por cento como ele, com muito amor, suor, religiosidade e verdades para entregarem aos filhos, genros, noras e netos.

 

 

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