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Artigos-->11. GOFREDO -- 28/08/2001 - 07:07 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Este irmão veio de outro continente. Aportou já taludo e aqui terminou o desenvolvimento físico, cujas sementes de perversão tinham sido plantadas lá longe. Mas não se adaptou com facilidade, tendo rejeitado os conselhos dos familiares, que logo se introduziram na comunidade alemã. Ele desejava fazer vida própria. Coitado! Caiu nas garras do vício, com a clara intenção de punir os pais, porque a viagem fora por imposição. Não entendeu os desígnios dos mais velhos e aspirou, desde cedo, a retornar, para o que trabalhou muito junto a diversos traficantes. Por várias vezes esteve na condição de mula, ou seja, dos que se oferecem para o transporte do material proibido, com o risco de ser apanhado pelas autoridades alfandegárias.



Não entenderam vocês a razão de ter dado a explicação do termo da gíria utilizado pelos encarnados, quando muitos outros vocábulos de cunho espiritual muito mais profundo e igualmente desconhecido vão passando?



É como agiu o parceiro: fazia coisas que não desejava, mas que se fadavam a ser o degrau com que alcançaria o desejo maior, o do retorno às plagas européias. Eu também tenho o meu objetivo, que não é propriamente o da narração da vida de Gofredo, a qual devo enfatizar, contudo, para chegar à análise de aspectos fundamentais para o entendimento dos processos cármicos que o conduziram ao outro lado, sem haver cumprido um décimo (que digo?), um milésimo dos propósitos educativos da encarnação.



Quanto o amigo e a amiga julgam que cumpriram das obrigações assumidas na fase pré-encarnatória? Quanto acham que conseguirão até o final da vida? Não fazem a mínima idéia? Pois é assim mesmo que todas as pessoas devem sentir-se perante o rol das atividades programadas. O que acontece é que, caso se dediquem à prática do bem, segundo as normas evangélicas do amor e do perdão, do sacrifício pelo soerguimento dos irmãos encarnados etc., não terão de perguntar nada. Ao contrário, se examinarem o que vêm fazendo e disso resultarem problemas de ajustamento às leis de conduta moral segundo a orientação prescrita por Jesus, aí é que as questões se põem irrefragáveis. (Este termo vou eximir-me de explicar, porque o que existe de mais fácil no mundo é a consulta aos dicionários, ainda que os pobres encarnados não o tenham aí à mão; pois vão a uma biblioteca ou tomem emprestado.)



Pois Gofredo, que ia e vinha a serviço da droga, passou a consumir e a gostar, até que, por excesso de confiança, achando-se superior a todos os comparsas, o mais corajoso e o mais infenso aos efeitos danosos da cocaína (na verdade, heroína), deu de soletrar a palavra morte sem perceber que o fazia. Quando chegou ao “e”, sentiu-se desfalecer para o mundo e acordou arfante nas mãos de uns infelizes que ele ajudara a transportar para o etéreo.



Que males cometeu, na realidade? Serviu aos traficantes. Mas isso tanta gente faz. Será que toda essa gente (podemos falar em bem mais de milhão em todo o mundo) estará condenada ao sofrimento de além-túmulo? Isso não é nada, se compararmos com a quantidade de seres humanos que vão necessitar de estágio nas trevas da consciência, porque não querem compreender que estão sobre a terra na condição de visitantes, para aprenderem a proceder em relação aos irmãos, para poderem ascender na escala espírita.



Toda esta dissertação está fadada (gostei do termo; mas não gostei do pensamento) a descambar para o descritivismo mais chão, como se o Espírito que se comunica estivesse rodeando o ponto essencial que gostaria de evidenciar, mas com o receio de ofender ao leitor mais sensível ou àquele que talvez esteja passando por uma crise semelhante. Mas, se não disser, como poderei afirmar que cumpri o meu dever mediúnico? Então, perdoem-me Vocês que não esperavam que lhes desvestisse tão cruamente o manto da falsidade com que se escondem de si mesmos.



Gofredo só chegou a entender o fato bem depois, já aluno desta Escolinha e após inúmeras discussões com os colegas. É que as pessoas não sabem a razão do agir desta ou daquela maneira, até que descobrem que estão sob influência direta dos desejos de grandeza insatisfeitos. É o egoísmo mais sutil, aquele que não se declara como egoísmo, pela vaidade de se sentir maior que os outros sem demonstrar. É o cara que se sabe o bom, mas que não faz questão de se submeter à crítica, porque, orgulhoso, não aceitaria ser desmascarado.



É bem verdade que todas as pessoas são um pouquinho assim. Mesmo quem se submete às apreciações dos grupos de terapia psicanalítica permanece resguardando algum setor mental, porque julga que lhe irá desmoronar a personalidade. Certamente isso acontecerá, tanto a busca das soluções se fez a partir do pressuposto de que havia algo ou muita coisa errada na formação intelectual, moral, psicológica, espiritual, qualquer seja o adjetivo que se queira atribuir ao processo. No entanto, venho para dizer que esse é o receio mais tolo, o mais infundado do ponto de vista da espiritualidade superior (no caso do exemplo, segundo o parecer médico ou clínico), uma vez que o objetivo é o de reestruturar a psique de forma a alijá-la das perversões que se substituirão por virtudes daí para frente.



Gofredo participa ativamente desta fase dos trabalhos e se encontra bastante lúcido quanto a tudo o que fez para merecer a perseguição traumática. Sabe que deverá ressarcir os débitos para com os irmãos que iludiu, muito embora compreenda bem a extensão da responsabilidade de cada um. Neste ponto, se enreda no emaranhado das culpas e das acusações, não sabendo distinguir até que ponto a multidão tem razão em atormentá-lo ou se é ele mesmo quem abre as comportas sentimentais para receber o impacto das vibrações negativas, ainda que não destinadas especialmente para ele. Sensibilizou-se com a problemática e pede o auxílio dos demais (inclusive dos encarnados, que poderão orar por ele e por todos os sofredores, sem medo de virem a ser obsidiados, porque, quem tem apenas a boa intenção de ajudar, sem solicitar nada em troca, como seria a regalia de ser acolhido desde logo no seio do Senhor — com o correspondente sintoma da megalomania espiritual pela afirmação íntima de que tudo está realizando conforme os ditames das superiores leis cósmicas — merecerá o apoio e a proteção dos benfeitores pessoais, que filtrarão os fluidos e os encaminharão aos necessitados mais propensos ao melhor aproveitamento deles).



Não é verdade que estamos chovendo no molhado? Ou algo tem sido de proveito para o leitor? Este é tópico a ser avaliado futuramente. Por enquanto, o resumo da ópera deve ser muito precário, mesmo porque não se devem precipitar conclusões. Outros casos nos propiciarão elementos para dissertações sobre temas de interesse para os irmãos drogados. Neste texto, se não ficou claro ainda, pretendemos expor, apesar de muito em segredo, que existe a necessidade de se estimularem os estudos da linguagem, para que os termos se decifrem com naturalidade, conquanto arrevesados tanto quanto estariam se expressos sob a influência dramática dos piores alucinógenos. Vamos supor, para dar um exemplo, que o sujeito beba uma garrafa de pinga e se ponha a escrever sobre temas filosóficos. No começo, talvez até alcance algum silogismo de mérito. Depois, ficará flutuando sobre o texto, sem se fixar em nada de positivo. Se não for esse o caso do leitor, que nos perdoe o atrevimento. Reserve-se para outras situações aflitivas do ponto de vista das realizações mentais.



O nó górdio que não consegui desfazer (e não vou empregar o fio da espada para isso) está nos aspectos emocionais, muitos pontos mais ponderáveis do que os problemas cerebrinos que acima dispus. Mas como chegar a eles se não somos capazes de saber o que significa uma frase como: “Amar a Deus sobre todas as coisas é o primeiro mandamento; o segundo, parecido com esse, é amar ao próximo como a si mesmo”?



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