Abelhas
Vento suave, fresco,
Sopra na orvalhada manhã.
Astro rei se espreguiça
Lá do alto da colina.
Colibri lança-se do galho
Seco da amendoeira, tal qual
Uma flecha certeira sobre acácias.
Dia raiou.
Recôndito no velho jatobá insone,
Lar de hígidas abelhas,
Zumbido ao longe se faz ouvir.
Ávidas de néctar,
No seu ziguezague,
Lá se vão visitar o
Abieiro florido.
Escutam o ziziar da cigarra amarela,
No seu devaneio proposital.
Desviam de transparentes
Insídias das aranhas, usam de artimanhas,
Escapando de ramarias a açoitar.
Canto do rouxinol faz parceria
Com o escorregar do regato cristalino,
Há muito conhecido, mas alguma cautela
Se faz necessária ao abeirá-lo.
Nessa inóspita misantropia,
Magia está presente,
Nascente ao poente, harmonia se vê.
Por horas a fio o vai e vem continua até o extenuar.
Zéfiro sopra novamente anunciando,
Céu tinge-se de lilás,
Abelhas apressadas voltam a colméia,
Dançam a dança nupcial, na noite fria,
Zangão sorverá até última gota,
Néctar abelha rainha.
Ricardo Marques. |