Não sou a água que respinga em você, ó pedra!
Não deságuo à toa. Não rego os espinhos,
não hidrato urtigas.
Minhas águas, reservo às hortênsias, às orquídeas.
Não sou espeto de pau. Creio em santos de casa.
Escolhi não ter pássaros às mãos,
mas há quem assim os queira.
Certas verdades nunca perdem a validade.
Experimente-as! Tire-lhes a poeira,
verá que não envelheceram.
Leve-as à mesa. Destrinche-as.
Com exigência deguste-as, que das uvas verdes
provará a razão e constatará que o dito popular
não exibe falsos valores, testemunhos mentirosos,
crenças duvidosas porque é ele inegável
e reina absoluto.
Enquanto os cães ladram, a caravana passa.
E como passa! E passa bem, obrigada!
E sem desvios vai além. E chega.
Aos cães famintos restarão as estradas tortuosas,
onde permanecerão latindo, rosnando, babando
e morrendo...de raiva, sem sexo, sem nome,
sob máscaras desbotadas, sob signos disformes.
maria da graça almeida
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