Cidade de Tiradentes
Debruço rústica janela,
fico a ti observar,
tento compreender teus segredos,
teu povo, tuas ladeiras, músicas, vida....
Volto ao passado,
os segredos estão nas casas,
em cada pedra de teu chão, na onipresente igreja matriz,
poço de águas cristalinas, seculares esculturas.
Crianças vendem relógios de sol,
cristais de todos os formatos,
buscam nas grutas da serra de São José.
Templo sagrado,
nosso Brasileiro maior,
quis o povo livre da tirania além.
Casa do padre Toledo,
onde inconfidentes confidenciavam,
nascimento da vontade,
ainda não se concretizou.
Fazenda Pombal,
vi teu berço bem próximo,
Rio das mil mortes,
anda muito furioso com os ribeirinhos.
O matadouro, causou-me dor profunda,
cheiro forte de morte,
asfixiava-me por completo.
Chafariz, tradição impera com lavadeiras,
vejo o açoite de tuas trouxas,
lá na pedra sabão desfigurada.
Negros te ergueram,
no beco dos escravos,
nas escadas da montanha,
tua força está encravada para o sempre.
Paira no ar um enigma dum povo valente,
diferente, inconformado...,
ditames que condenam a todos nós.
Rimarquesz |