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Artigos-->Jesus nas religiões ... e na Umbanda -- 23/04/2004 - 00:01 (Etiene Sales de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Existem vários Jesus, várias formas de vê-lo e, em muitos casos, talvez ele nem tenha existido.



Para falar de Jesus temos que voltar no tempo e analizar o contextual da região e da religião onde ele nasceu, pois ele era Judeu e vivia em uma região dominada por Roma.



Os Judeus estava, e ainda estão, a espera do mesias, daquele que irá governar e conduzir o povo Judeu. Dessa forma, existem muitos messias na região da Judea e passando a palavra ... muitos e Jesus era um deles.



Ele falou, deu sua mensagem, foi condenado pelos Judeus e condenado por Roma, a qual o sentenciou, crucificou e matou. Foi sepultado e seu corpo sumiu e é dito que ressucitou segundo a bíblia.



Resumidamente (muito resumidamente) é essa a passagem de Jesus. Só que: não existem provas que ele tenha vivido; os evangélhos foram escritos entre 30 e 60 anos após a sua morte e, até o séc. II, não tinham autoria. A Igreja deu essa autoria a Mateus, Marco, Lucas e João, mas é conhecido que isso é apenas uma suposição e uma comodidade feita pela Igreja Católica; é de conhecimemento que Ele, Jesus, não escreveu absolutamente nada e, os evangelhos, são contraditórios e não podem ser vistos como um documento factual, mas uma narativa de fé, em que valores morais e doutrinários marcam seu texto.



Um outro ponto é que a versão dos evangelhos, a compilação da Bíblia, foi feita pela igreja e, só foi colocado nela os escritos que mais se aproximavam de uma certa homogeneidade moral e doutrinária. Outros textos, os apócrifos, atribuídos aos outros apóstolos, ficaram fora da Bíblia, pois mostravam uma visão diferente de Jesus (como Homem, líder, político, ...).



Além disso, temos Paulo, que modificou em muito a mensagem origial de Cristo e tinha uma relação conflitante com Pedro. Porém, mesmo tendo uma relação conflitante com Pedro, é consagrada a Paulo a expansão do cristianismo e sua visão como vemos hoje.



Essa é a visão geral do que se compõe a Bíblia no novo testamento, ou seja: uma compilação de textos. Um no novo testamento, com valor moral e doutrinário, mas não tido na sua íntegra, como a real mensagem de alguém chamado Jesus.



Em cerca de 300 dc, o Imperador Romano constantino se converte ao Cristianismo [ por uma conveniência política ] e se investe de sacerdote supremo da fé Cristã. Em troca, constantino abafa os cultos as deuses greco-romano e começa a construir templos para a fé Cristã. Além disso, coloca cristão como altos funcionários do império romano e uma nova sociedade começa a se formar em que o Estado e a Igreja são um só. Assim, uma onde de conversões começa a ocorer no Império romano e o cristianismo chega ao status de Religião Estado.



Nessa época a Bíblia começa a ser moldada e, mais tarde, uma versão compelada e traduzida de acordo com as vontades políticas, morais e doutrinárias da Igreja Católica Apostólica Romana é criada. Mais ou menos nos moldes que temos hoje da Bíblia Católica.



Assim o Catolicismo, expressão maior do Cristianismo e, sua única visão, tem um livro doutrinário, um livro de fé. Uma doutrina que se baseia no velho testamento, no novo testamento (as palavras, vida e morte de Cristo), e numa doutrina baseada na Ressureição; na vida eterna, em que os homens serão julgados pelos seus atos em que os bons irão para o céu, aguardando a volta de Cristo à Terra para a ressureição, os maus irão para o Inferno, e os mais ou menos, habitarão o purgatório aguardando seu destino eterno ou no céu ou no inferno; a crença na santíssima trindade: Pai, filho e Espirito Santo; na remissão dos pecados ...



Após a instauração da Igreja como Estado ela sobreu várias cisões que não foram só políticas no campo do Estado ou econômicas, mas doutrinárias. Assim, outras formas de ver Jesus e sua palavra foram criadas, cada uma com uma visão particular que a diferenciava da Igreja Católica Apostólica Romana e que resultou na criação de várias religiões de cunho Cristão, mas baseadas, em suas essência, nos dogmas principais, para se dizerem cristãs, como: doutrina que se baseia no velho testamento, no novo testamento (as palavras, vida e morte de Cristo), e numa doutrina baseada, principalemnte, na Ressureição; na vida eterna, em que os homens serão julgados pelos seus atos em que os bons irão para o céu, aguardando a volta de Cristo à Terra para essa ressureição. Onde os maus irão para o Inferno, e os mais ou menos, habitarão o purgatório aguardando seu destino eterno ou no céu ou no inferno, ... Embora existam divergências como o monofismo, que fere a crença na santíssima trindade, o cristianismo mantem uma base de crença homogênia, se diferenciando sobretudo em interpretações da bíblia, rituais, e outros pequenas aspectos particulares.



No séc. XX a Igreja Católica começou um movimento chamado ecumenismo que tinha o propósito de unir os cristão em torno de objetivos comuns, visto que a base de sua fé era similar e o que mudava poderia ser passado por cima em nome de uam união mais consistente.



Os grandes problemas da visão de cristo começaram com o sincretismo generalizado a partir da explansão marítima (mercantilismo). Pois os povos descobertos e aculturados pela Igreja, começou a assimilar Jesus, mas da sua maneira. Assim veremos Jesus em uma doutrina que cultua antepassados na África; em uma igreja etíope em que o padre casa, que antes de ser ordenado o noviço sacrifica uma rês; misturado a Orixás africanos nos países da america latina; Jesus misturado com divindades astecas; no sua dos EUA, nas comunidades católicas afro, Jesus novamente misturado aos Voduns (divindades africanas) ... No séc. XIX Allan Kardec adapta, transforma, a doutrina cristã, numa compreeensão do trabalho dos espíritos e legitimando a esses as palavras dessa adaptação, dando um racionalismo à crença cristã dentro de uma out ra forma de ver e entender Jesus.



O que acontece é que em tudo que dissemos de misturas, se colocou Jesus como algo próprio e adaptado à necessidades e visões, sejam emanadas por uma força maior, seja na tentativa de uma assimilação por perda de uma identidade religiosa já esquecida. Em outros casos, houve uma procura de algo mais elevado, mas mesmo assim, misturado e adaptado a uma visão pessoas, privada que se coletivisou ao longo do tempo e se tornou crença, fé, acreditar.



Se fomos honestos e nos reportarmos aos primórdios do cristianismo, na compilação da Bíblia, veremos que é inconsistente associar Jesus com Orixás, com Voduns, com reencarnação, com espíritos, com sacrifícios diversos, em acender velas, acender incenso, jogar búzios, usar colares, cultuar imagens, ... Porém as pessoas, o povo, quer acreditar em Jesus, mas não quer abrir mão de suas prórias crenças, de suas próprias divindades que passaram a conviver com Jesus de uma maneira harmônica.



Falando de Brasil, temos um histórico de um país eminentemente católico e somos influenciados por esse catolicismo. Da mesma maneira, estamos em voltos por uma moral judaico-cristã que já está entranhada em nossas cabeças e faz parte de nosso dia-a-dia. Dessa forma, não conseguimos ver outra moral, ou outra forma moral que não seja a cristã. Talvez por isso seja tão difícil aceitar os cultos afro-brasileiros, pois sua moral, embora já influenciada pelo cristianismo, não prevê o bem ou o mal, mas uma questão maior de justiça, onde os elementos (atabaque, guias, oferendas, bebidas, fumo, sacrifício, ... ) se associam de diversas maneiras com o propósito do rito, do culto e da fé.



O sicretismo cerca o brasileiro, seja no centro de Umbanda onde vemos uma mistura de imagens católicas, leitura do livro dos espíritos e toque para os Orixás africanos. Em meio disso, ouvimos um preto-velho segurando um rosário ou um cricifixo e falando em Jesus. E, dentro do terreiro, vemos ainda um sacerdote fazendo o sinal da cruz, fazendo a oração do pai nosso, da ave maria, e, posteriormente, dizendo Patacuri, Ogum!



Dizer o que é Jesus dentro de todo esse contesto é algo que só pode ser definido como interior. Pois, o exterior é totalmente diferente, incerente e errado dentro dos preceitos originalmente estabelecidos dentro da fé cristã. Jesus acabou sendo algo diveros: o grande Orixá, o grande Deus, o grande médium, o grande pai, o grande caminho, ... Formas diversas de cunho particular que foram tomando forma coletiva e constituindo crenças ainda mais diversas e complexas em suas crenças e práticas.



No meu particular, não creio em Jesus como divindade. Creio que se ele tenha existido, foi apenas um homem, que marcou sua época pelo que disse, por mostrar uma visão de respeito entre os homens (que tem muita relação com o Zoroastrismo *, com o Budismo **), de amor entre os homens. Porém, não posso afirmar que suas palavras são realmente suas, pois ele não escreveu nada e o que temos hoje como bíblia foi construida pela Igreja. Por outro lado, não posso negar que suas palavras (ou atribuidas a Ele) em essência, fazem parte do meu dia-a-dia por uma questão cultural.



Creio em Deus e em sua força em nossas vidas; creio nos Orixás como manifestação dessa força; creio em Oxalá numa manifestação mais próxima daquilo que representaria Jesus em uma forma de pureza e riqueza de valores. Na minha vida como religioso passei a aceitar esse Deus, esse Zamby, em forma de entrega, confiança, aceitação e agradecimento. Não é fácil, mas é assim que tento viver minha fé em Deus.



Autor: Etiene Sales - GhostMaster - ghost_master@uol.com.br

Pesquisador sobre Umbanda e outras Religiões

Formado em Administração de Negócios.





* Religião de Zoroastro ou Zaratustra, nascido na Média, no séc. VII a.C., criador da casta dos magos e reformador do masdeísmo ***, do qual conservou a concepção dualística do Universo.



** Sistema ético, religioso e filosófico fundado por Siddhartha Gautama, o Buda (Ásia Central, 563-483 a.C.), difundido por todo o L. asiático, e que consiste fundamentalmente no ensinamento de como, pela conquista do mais alto conhecimento, se escapa da roda dos nascimentos e se chega ao nirvana.



*** masdeísmo -> Religião antiga dos iranianos (persas e medos), caracterizada pela divinização das forças naturais e pela admissão de dois princípios em luta, aúra-masda (bem) e arimã (mal).

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