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Artigos-->22. SÉTIMA PEREGRINAÇÃO ASSISTIDA -- 08/09/2001 - 07:38 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Gustavo pediu-nos, encarecidamente, que não descrevêssemos os seus problemas mais agudos. Podemos dizer que morreu vítima de dose maciça de cocaína; e fim. Quanto aos fatos que deram origem à sua queda no vício, desejou que omitíssemos, porque, acredita ele, seria com muito rancor que os humanos leriam sobre as suas culpas.



Não costumamos respeitar esse tipo de solicitação, contudo, é muito forte o argumento das vibrações necroscópicas, como se o elemento de má conduta (ainda que a pior de todas) não estivesse aqui mais do que como um corpo em decomposição. É bem verdade, reconhecemos, que muitos se restabelecem a custo, dada a putrefação do corpo espiritual durante a permanência nos arcanos conscienciais.



Esta linguagem puxando ao escarmento não calha bem, no entanto, é sempre preferível a esconder os pensamentos em detração íntima contra os que nos ofendem sem titubeios e às escâncaras. Sendo assim, não só os mortais apresentam sistemas de contenção dos entusiasmos pela possibilidade de assistência espiritual (vejam o anátema contra os suicidas, para quem as missas estão proibidas), como ainda recobram ânimo no ódio inconsiderado contra quem malevolamente prejudicou alguma pessoa tida como inocente ou cumpridora, no mínimo, das atribuições sociais (vejam as execuções públicas dos linchamentos).



Também não queremos ofender ninguém. Ao contrário, estas mensagens visam ao soerguer de quem se encontra caído na sarjeta dos vícios e dos crimes, tanto que nos expomos com o coração aberto. Gustavo é que não permitiu que lhe escancarássemos as portas ao passado.



Seja como for, as derradeiras manifestações do grupo se encontram muito mais analisando os problemas nossos do que fornecendo pistas para que se furtem os encarnados aos castigos obrigatórios aos que contrariem os ditames das leis universais, cósmicas, divinas. A natureza, dizem, cedo ou tarde, cobra; e jamais esquece. Enquanto estamos vivos, a melhor política é compreender a necessidade de fazer o bem, ainda que aos inimigos (segundo a palavra de Jesus); e fazê-lo de mãos limpas, seguindo roteiro bem definido de concretizações cármicas de valor.



Quando dizemos que, ao se ferirem através das drogas, os irmãos estão contraindo fortes débitos cujo resgate vai tornando-se cada vez mais difícil, conforme a intensidade com que deixam de prosperar, estamos fazendo referência a coisas sumamente concretas do ponto de vista dos espíritos desencarnados, erráticos através da dimensão etérea imediatamente subseqüente ao campo carnal. Aos leitores poderá parecer fantasmagórico, histórias da carochinha mais propícias para embalar o sono ao boi. Tanto mais se desleixarmos o rigor vernáculo e começarmos a fazer graça com as palavras e expressões.



Temos um objetivo que vamos tornar claro, qual seja, o de que nenhum beletrismo literário alcançará disfarçar o negrume em que imergirão os devedores. Está certo que cada qual possui um corpo seu, que lhe foi entregue juntamente com a vida. Mas existem, incrustados nesse corpo, sistemas vários para proteção do organismo, o que quer significar, necessariamente, que qualquer tópico gerado por depressões pessimistas não é natural, do ponto de vista da herança psicofisiológica impressa no rol cromossômico do ADN, ou como se queira denominar o conjunto de fatores que dão contextura à vida na terra.



A partir daí, tudo o que se faça em contradição com esses princípios gerará um compromisso de restabelecimento físico, nesta ou noutra encarnação. É fatal que seja assim, até para aqueles que dominarem todos os princípios doutrinários do espiritismo e que, num momento de delíquio, de loucura, de insensatez, ofenderem a si mesmos. É um contra-senso semelhante exemplo? Pois quem o afirme deve ter suficiente capacidade para aceitar o que vimos expondo.



Aí está o que não gostaríamos jamais de propor: um texto que provoque a ira aos leitores. Ora, não hão de ficar raivosos os que descobrirem que, por princípio, a nossa turma não veio trazer todos os seus estudos apenas porque alguns mais fracos não gostam de se retratarem nas descrições mais cruas?



Pois Gustavo foi argüido como os outros. Eis algumas de suas respostas. Perguntamos:



- O que você espera realizar em proveito próprio pela ida ao setor dos encarnados?



- Espero satisfazer a necessidade de vibrar em favor de alguém que esteja na iminência de praticar algum ato em prejuízo próprio.



- Quer dizer que você, sub-repticiamente, está afirmando que não fizeram o mesmo para com você?



- Digo francamente: quando estive em situação de perigo, foram entidades do pior naipe que me perseguiram até o fim.



- Você, encarnado, tinha momentos de feliz vibração pelos irmãos?



- Nenhum, lamentavelmente.



- Estamos procurando entender se você está preparado para o auxílio oportuno, pelo que nos esclarece. Entretanto, por fazer parte desta classe, suspeitamos que, como nós outros, esteja fadado a permanecer trabalhando sem contato com os seres imperfeitos, de quem tão interesseiramente está desejando aproximar-se. Não é assim que devemos pensar?



- Pois eu quero ir logo para o front, para pelejar a melhor batalha.



- Desarmado?



- Na companhia de equilibrada turma de socorristas.



- Que entende você por equilibrada?



- Um conjunto formado de médicos, enfermeiros, técnicos em sustentação fluídica, conselheiros evangélicos, guardiães, para a contenção dos agressores, e auxiliares gerais, para o transporte, a limpeza do ambiente, o contato com os seres cordatos mas de espessa camada de culpas...



- É nessa qualidade que você deseja seguir, naturalmente.



- Sem dúvida. Estarei esperando muito?



- O nosso medo é de que não consigamos tirar nenhum proveito para nós, porque ficaremos envolvidos na densidade vibratória dos que utilizam os ingredientes que nos prejudicaram, o que nos impedirá de realizar qualquer trabalho efetivo.



- Mas vocês estão dispensados de me acompanhar.



- Agora você está exorbitando. Sem a nossa companhia, ninguém sai, a menos que depois não volte. Estará você tão abalado, para cair na esparrela da malícia...



- Não continue, por favor!



- Terá o seu pedido inicial o objetivo de impedir-nos algumas questões relativas a intenções que você pretendia deixar subjacentes? Estará você armando sutilmente uma fuga da colônia? Não está contente com o tratamento que vem recebendo? Que lhe falta, para sustentar-se incólume perante a vontade oriunda da antiga dependência? Sabemos que você tem estado muito tempo nas câmaras de descompressão. Mas você pediu-nos que não revelássemos nada que poderia atrair a má vontade dos leitores.



- Espero que as acusações não sejam passadas para o plano carnal.



- Serão apenas no caso de você, um dia, resolver autorizar-nos. Para isso, vamos suspender a entrega aos elaboradores redacionais. Contudo, podemos afirmar desde já que o seu depoimento, mais ainda, a sua postura mental está em contraste absoluto com a de todos os demais.



Precisamos dizer que a entrevista se encerrou naquele mesmo instante e que Gustavo não acreditou nas próprias assertivas que depois lhe apresentamos gravadas? Pois esta mensagem ficou na gaveta durante muito tempo, até que, por razões próprias, deu-nos permissão para reproduzi-la parcialmente, em forma de contribuição. Sabemos que carece de lógica, de elegância e de precisão. Mas não poderíamos deixar de relatar a estranha reação do colega, principalmente o extremo receio de promover a desordem mental nos leitores, com a conseqüência da vibração deletéria contra os comunicadores e contra o artífice da experiência negativa.



Pedimos que se juntem a nós em preces votivas de melhoras pelo companheiro em vias de regressar ao hospital para alienados mentais.



Como último arremesso, resguardemos o princípio de que ninguém retrograda. Gustavo foi aceito pelos professores para que participasse do grupo, com o fim de servir de parâmetro, além de receber de todos nós o apoio moral de que estava necessitado. No entanto, em lugar de ficar apenas recebendo o influxo do companheirismo, imaginou que poderia empreender ligeira excursão à zona de consumo de drogas, insatisfeito com as doses controladas que lhe eram ministradas.



São fatos desta natureza que põem os encarnados de sobreaviso quanto às dificuldades que enfrentamos. Mas não dissemos jamais que somos perfeitos. Ao contrário, declaramos as enormes clareiras morais, intelectuais e sentimentais em nosso deserto de virtudes. Tudo é excessivamente mau e algo ainda é pior. Mas, graças a Deus, estamos aqui, local de trégua na guerra de que mal acabamos de sair e para a qual deveremos voltar.



Não queiram, amigos, pertencer jamais a um núcleo de sofredores como o nosso. Mas, se pensarem como o irmão Gustavo, vão enfrentar sérios problemas.



Quanto ao título da mensagem, relevem o fato de imaginarmos que ofereça algum motivo para reflexões, porque não houve, na verdade, nenhuma peregrinação ao orbe, para atendimento das pretensões do colega. E isso terá alguma importância, perante a tristeza dos eventos narrados?



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