O vento impelia a nuvem branca no suave azul do céu,
cumprindo seu dever determinista.
Era assim que o anjo tangiu a harpa celeste, produzindo sons inaudíveis.
As alvas ovelhas pastavam no distante verde da relva,
procriando motivos de vida.
Os cristalinos risos dos deuses homéricos não seriam mais felizes.
A branca franja rendada do verde mar se perdia no horizonte,
subsistindo em instantes eternos.
Depois da morte, as Valquírias não acalentarão mais docemente meu ser.
Estava eu naquele momento recostado na praia,
vendo perder-se na distância a brancura da areia,
experimentando o brilho dos raios solares,
tentando resolver os problemas do mundo.
Havia em mim, entretanto, uma alma que se debatia,
sofrendo as angústias de não saber o além,
lutando contra seu próprio fraco poder,
ruindo totalmente diante do inexorável.
E, naquele recanto perdido do mundo, eu só via a solução da morte,
quando três vozes atroaram, fortes como a existência
e disseram:
“Eu sou o tangível. Se me amares, dar-te-ei a experiência.”
“Eu sou a lógica. Se me amares, dar-te-ei o conhecimento.”
“Eu sou a crença. Se me amares, dar-te-ei a esperança.”
Depois se fez profundo silêncio e a meditação envolveu minh’alma
e eu divisei a solução final: não era a experiência ou o conhecimento ou a esperança.
Era o amor
e o amor redimiu meu ser para todo o sempre.
09.01.59.
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