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Infantil-->O RESGATE DO SOLDADINHO DE CHUMBO. -- 22/04/2006 - 11:48 (MARIA HILDA DE J. ALÃO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




O RESGATE DO SOLDADINHO DE CHUMBO


Maria Hilda de J. Alão.



Duas bonecas resolveram um dia viajar pelo mundo. Uma era de louça, com grandes olhos azuis, vestido de cetim branco bordado com fios de ouro e uma fita cor-de-rosa nos cabelos, sapatos de napa da cor do vestido. A outra era de pano. Tinha os cabelos feitos com fios de lã amarela, um laço de fita no meio da cabeça que mais parecia uma borboleta, olhos pretos, o vestido de algodão xadrez em preto e branco, sapatos de feltro vermelho com um botão branco servindo de fecho.

As duas caminhavam pela estrada conversando alegremente. A boneca de louça falava da sua vida. Ela era muito querida, todas as meninas a desejavam, gabava-se a linda boneca. A boneca de pano ouvia tudo com um sorriso abanando a cabeça como a dizer: - quanta vaidade...!
Já haviam percorrido um bom trecho do caminho quando ouviram o barulho das águas de um rio. A boneca de pano, entusiasmada, gritou:

- Corra, corra, venha ver o rio, ele é tão bonito!

A boneca de louça fez uma cara de enjoada dizendo:

- Não vejo graça nisso. Que coisa faremos aqui? Só tem água e areia...

- Nunca se sabe... Às vezes vamos a lugares que parecem sem importância ou sem propósito, mas é em lugares assim que Deus testa o coração e a alma dos seus filhos.

- Nós não somos filhas de Deus, não somos pessoas. Por que ele nos testaria? – disse a boneca de louça.

Sorrindo, a boneca de pano disse;

- Visto por esse ângulo parece ser verdade. Mas, quem faz as bonecas?

- O homem...! – respondeu a boneca de louça

- Então. Deus põe as idéias na cabeça do homem para ele criar tudo que necessita para viver, e ele as executa. E se as idéias são de Deus, somos, sim, filhas dele.


Foi durante a conversa que ouviram um abafado pedido de socorro vindo das pedras que brotavam na água do rio, um pouco além da margem. Olharam uma para outra. – Você ouviu? – perguntou a boneca de pano.

- Acho que é um pedido de socorro. – respondeu a outra.

Apuraram os ouvidos e novamente o grito, agora um pouco mais forte.

- Tem alguém aí? Preciso de ajuda. Por favor...

A boneca de pano gritou:

- Quem está pedindo socorro?

E veio a resposta deixando as duas de boca aberta.

- Sou eu, aqui nas pedras. Eu sou o soldadinho de chumbo.

- Por que está aí? – perguntaram as duas numa só voz.

- Eu estava marchando com o meu batalhão quando escorreguei e caí na água, só que estou preso entre as pedras. Meus companheiros não perceberam e, a esta hora, eles estão muito longe. Será que vocês podem me ajudar a sair daqui?

A boneca de louça foi logo dizendo que não sabia nadar, que estragaria seu lindo vestido e o seu penteado. E disse mais: onde já se viu um soldado que não sabe nadar. Isso não tem lógica. Um soldado deve estar preparado para todas as surpresas da carreira militar. Mas a boneca vaidosa não sabia que as pedras, onde o soldadinho estava preso, eram muito altas e ele, por ser pequeno, jamais poderia escalar para sair.

A boneca de pano percebeu e enquanto a amiga falava pelos cotovelos, ela se afastou do rio, por uns minutos, e ao voltar trazia nas mãozinhas um graveto ressecado. Puxou um fio de linha do seu vestido, amarrou-o na ponta do graveto e chegando a beirinha da água esticou o braço com o graveto e disse:

- Soldadinho, agarre-se à linha que eu o puxarei!

A boneca de louça, envergonhada do seu egoísmo, foi ajudar a amiga a resgatar o soldadinho. Tiraram-no do rio. Fizeram-no deitar na relva para se secar ao sol. Apresentaram-se. – Eu sou a boneca de louça. – Eu sou a boneca de pano. Para nós é um prazer conhecer tão importante militar.

- Não sei o que teria acontecido se vocês não aparecessem por aqui. Eu rezei muito, muito mesmo. Obrigado do fundo do meu coração. Serão minhas eternas amigas. – disse o soldadinho agradecido.
Depois de se recuperar, o soldadinho seguiu viagem junto com as duas bonecas. Andaram muitas horas. Ao meio-dia eles avistaram o batalhão de soldadinhos de chumbo acampado junto ao muro de uma ponte.

- Pessoaaaaaaaal – gritou o soldadinho.

Os soldadinhos correram para abraçar o amigo que julgavam perdido para sempre. Foi neste momento que o soldadinho falou:

- Meus amigos, apresento-lhes minhas grandes amigas, a boneca de pano e a boneca de louça. Sem elas eu não estaria aqui neste momento e vocês não tomariam conhecimento da minha aventura.
Hip,hip, hurra – foi o grito que se ouviu com os soldados jogando seus bonés para o alto, e o corneteiro do batalhão tocando a marcha militar “Sejam bem-vindos todos os amigos” em homenagem aos três.

Cantaram e dançaram o resto do dia. À noite foram dormir mais cedo para descansar, pois a jornada seria longa até o quartel do batalhão onde as bonecas receberiam medalhas de honra ao mérito pelo resgate do soldadinho de chumbo.


22/04/06.


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