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Artigos-->28. DÉCIMA TERCEIRA PEREGRINAÇÃO ASSISTIDA -- 14/09/2001 - 07:08 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Esta será a derradeira descrição psicológica individualizada. Os próximos passos serão dados no sentido de se enfeixarem os temas, em função de tornar o livro aproveitável.



Se estivermos certos deste momento existencial, teremos como imaginar que alcançaremos realizar o nosso projeto redacional. Cremos não revelar nenhuma novidade afirmando que todos os que se apresentaram aqui meio desnudos não chegaram a concluir as provas terrenas. Por isso, se não lograrmos êxito na previsão acima, não ponham na conta da irresponsabilidade nem do descaso: terá sido porque algo mais importante nos foi imposto. Eis a profecia realizando-se, porque não podemos supor que os mestres estejam menos interessados em oferecer algo de bom nível para a apreciação dos encarnados.



Está o preâmbulo acadêmico, inútil, sem relacionamento com as mensagens anteriores? Pois esperem a descrição do entrevistado do dia, para concluírem a respeito do estreito vínculo entre a abertura da comunicação, seu corpo em desenvolvimento meio surrealista e a conclusão surpreendente, mas lógica e, provavelmente, satisfatória.



Temos o relato pronto do caso do amigo Reinaldo(1). Esse é o tal que não nos deu o menor trabalho, em nenhuma das fases de imantação, de discussões, de exame do depoimento e, menos ainda, quando saímos para o reencontro com os familiares. Após o regresso à colônia, tivemos o orgulho de ouvir de Resildo que estávamos prontos para o próximo ano letivo (mal comparando com as escolas dos encarnados). Foi mérito dele e da classe que soube conduzir-se com desembaraço na aplicação das diretrizes curriculares.



Eis o resumo do interrogatório, o qual foi o mais extenso de todos. Perguntamos:



- Caro Reinaldo, você está disposto a falar apenas a verdade, ao contrário de vários de nós, que subtraímos informações e escondemos sentimentos?



- Farei o que me pedem mas alerto para o fato de que não terei papas na língua, caso me deixem em condição de inferioridade moral. Sei de todos os senões dos colegas e não me custará jogar-lhes na cara que estão tentando passar por santos, principalmente porque estão elaborando o rascunho das mensagens que serão psicografadas. Se não gostaram do meu primeiro aviso, não reclamem, porque exigiram que fosse o mais veraz possível.



- Você acha que iríamos colocá-lo em má situação perante a classe e também aos olhos dos leitores?



- Eu tenho certeza. Basta solicitar que descreva algum episódio crucial de minhas vidas reveladas à memória, para me porem em sinuca de bico. Sendo assim, não é tanto por vocês mas é muito mais por mim. Não é verdade que estamos ingressando no fundo de minha alma, para firmar o roteiro da visita aos meus parentes e amigos encarnados? Então, vamos dizer que esse seja o objetivo primordial, do qual não nos afastaremos, sem prejuízo para a clareza do relato que se dará em seguida.



Por alguns instantes, reunimo-nos em vibrações de alto interesse em realizar com eficácia o trabalho e julgamos melhor correr alguns riscos pelas ameaças agressivas do companheiro. De resto, não se apresentava de forma muito diferente da habitual, sempre o mais reservado e o menos cooperativo, quando se tratava de oferecer amparo especial a algum de nós em queda sentimental ou em embaraço intelectual. Foi essa atitude que nos reforçou a questão seguinte:



- Você se considera ajuizado em comparação com os colegas? Veja bem que não estamos desejosos de compreender quais os aspectos em que é inferior ou superior. Queremos uma resposta simples e direta. Um sim ou não, acompanhado dos esclarecimentos que a sua desenvoltura intelectual estiver em condições de nos oferecer.



- Vejo que estão pisando em ovos. Não pensem que seja tão estúpido que não perceba que o temor do grupo está a influenciar o cuidado em não me permitir desandar no sentido de ofender a alguém. Ameacei revidar, simplesmente, mas sou o primeiro a falar sem a pretensão de polidez, a qual não deve existir entre companheiros leais, envoltos por halo de amizade quase evangélica. A minha resposta não pode ser um simples sim ou não. Sim, em relação a alguns; não, quanto à maioria.



- Por que você nos respondeu à pergunta, sabendo que deduziríamos dois fatos principais: primeiro, que está cheio de preocupação consigo mesmo; segundo, que é capaz de declarar-se vigilante analista dos parceiros?



- Não achei que houvesse nenhuma segunda intenção. Sabia que a minha resposta poderia conduzir a conclusões do tipo dessas que me foram apresentadas, mas não me importei, visto que está levando ao cumprimento das diretrizes combinadas.



- Você tem estado estudando o procedimento dito normal dentro dos padrões da sociedade humana. Quer revelar-nos, distintamente, qual o interesse que o move?



- Procuro assimilar os efeitos sobre os bonzinhos dos procedimentos dos drogados agressivos. Cheguei a concluir que, mesmo os que nada fazem para ofender a ninguém, são tidos como marginais e, por isso, vivem relegados a plano muitíssimo secundário. Por exemplo, muitos pais de famílias em aparente equilíbrio emocional seriam capazes de contrariar os filhos mais queridos, caso manifestassem o desejo de se unirem a alguma pessoa a que fiz referência, ou seja, os que não agem pela cartilha da maioria.



- Sabemos que você está, diplomaticamente, citando exemplo extraído de sua experiência pessoal. Isso parece significar que os seus estudos estão voltados para a compreensão das atitudes mentais de seus progenitores. Não é verdade que você ainda não entendeu como é que as pessoas afirmam amar os filhos e, ao mesmo tempo, se estes fogem ao seu controle absoluto (mesmo no sentido mental ou psíquico), são capazes de rejeitá-los, dando-lhes a condição da marginalidade a que você mesmo se referiu?



- E quem aqui está apto a realizar um tratado a respeito desse tema? São tantos os disparates religiosos dos que batem no peito, dos que oram a Deus, dos que ajudam com tamanha caridade aos menos favorecidos pela fortuna, que me deixam pasmo pelo fato de não perceberem a contradição entre o que dizem sentir (e até mesmo deixam transparecer, à vista dos cuidados materiais com que cercam os filhos e a parentela), e o excesso de rigor na inculpação das atitudes que desaprovam. Terão o relógio da vida acertado pelos ponteiros das leis de Deus, tão inflexíveis são quanto aos princípios açodadamente colocados como superiores? Vejam que não quero estabelecer nenhuma crítica direta a nenhum ser específico que me tenha rejeitado. Acredito que ninguém que me conheceu tenha feito acusações muito graves a mim como pessoa. Não houve quem não tenha estabelecido que fui vítima da precipitação com que segui o grupo que me habilitou para o consumo das drogas. Mas vejo nessa atitude apenas a defesa da necessidade de manterem-se coerentes com os sentimentos que afirmaram possuir em relação a mim, tanto que tenho tido a oportunidade de receber influxos poderosíssimos de contrariedade, no momento mesmo que realizam preces em minha intenção. Sabem que não pratiquei o suicídio, mas lamentam a minha deserção da vida pelo sistema complicado dos desequilíbrios sociais, por meio da imposição de minha personalidade forte. Eis que o contra-senso se amplia, porque este último pensamento conflita com aquele em que pretendem que eu tenha sido induzido à prática do erro pelos parceiros. (Nego-me a citar os termos com que alcunham aqueles que se tornaram a minha família marginal.)



- Vemos que você tem estado mergulhado em inusitado aspecto para o restante de nós, que pretendemos angariar a simpatia de quem ofendemos através de atitudes emotivas, pela declaração de amor que vimos preparando, por força dos ensinamentos que usufruímos diretamente de Jesus. Enquanto nós avaliamos as reações sentimentais nossas como em desacordo com os padrões ideais, você sobrepõe os valores humanos de seu gregarismo inato ou intuitivo ao desempenho individual, em função de encontrar o cerne do psiquismo, não apenas na convivência de alguns anos, mas na formação espiritual que constitui a personalidade integral de cada ser. Do jeito que está fazendo, elimina o supérfluo dos eventos históricos do momento, para mergulhar fundo nas realizações como fruto ou produto de procedimentos em constante mutação evolutiva. Só que não somos capazes de atinar com que elementos você irá contar para interferir de modo positivo naqueles problemas que apontou, já que o que norteia os nossos trabalhos (em nível de aspiração superior) é facultar aos outros a compreensão de quem sejam, para ampliarem as virtudes e eliminarem os defeitos.



A partir desse ponto, a conversa arrefeceu, porque Reinaldo percebeu o quanto precisava melhorar para atingir o cume da argumentação que havia iniciado. Resmungou algumas observações paralelas e ficou ruminando seus pensamentos, enviando mensagens claríssimas de que estava aproveitando a imersão no eu profundo, para o que precisávamos dispor-nos por mais tempo em concentração fluídico-energética. (São os nossos próprios recursos naturais que desgastamos, quando exercemos o papel de operadores psíquicos sobre a vontade alheia.) Resildo compreendeu o que se passava e foi em busca de socorro externo, para manter-se a imantação.



Quando terminamos a regressão e acordamos o amigo, foi com extraordinária surpresa, contrariando todas as expectativas fundamentadas nos casos anteriores, que notamos que voltava com as lições na ponta da língua. Fez um relato sucinto dos diálogos, ponderou a respeito das teses meio filosóficas de seu discurso íntimo, apreciou o que chamou de nossa dedicada amizade, solicitou que recitássemos uma prece em favor das pessoas de seu relacionamento carnal (sem exclusão de ninguém) e, em seguida, quis aventurar-se, sem mais preparativos, na peregrinação programada.



Encontramos os pais de Reinaldo trabalhando, cada qual em sua atividade, e tudo fizemos para que recebessem os eflúvios que emanávamos para a percepção de que o filho desertor estava empenhadíssimo em auxiliá-los, sem nenhum resquício de mágoa pelas vibrações ruins que vinha recebendo, pronto para qualquer espécie de encontro por via mediúnica ou através de contato (resguardado pelos protetores da colônia) durante o período de liberdade corporal propiciado pelo sono.



Permanecemos uma semana nesse enleio cármico até que fomos requisitados pelos orientadores, deixando os encarnados sob a benemerência dos guardiães. Foi aí que recebemos os supracitados elogios.



Disse-nos Resildo:



- Vocês estão de parabéns, porque rejeitaram toda influência perniciosa dos irmãos sob o efeito das drogas. Fizeram-no com naturalidade. Mais ainda, demonstraram superior interesse em concretizar o plano para o bom sucesso da peregrinação do colega Reinaldo. E houveram-se de forma absolutamente isenta de comoções emotivas, como resultado das ponderações produzidas apenas no âmbito do intelecto. Está na hora de se deixarem embalar por superior sensação de felicidade, agradecendo a benemerência de que têm sido alvo da parte dos irmãos residentes em plano superior, espíritos elevados e propensos ao bem pelo discernimento dos valores evangélicos de que estão impregnados. Vamos orar.



Dissemos a prece a que nos habituamos, mas conseguimos sopesar cada palavra, carregando o texto de conotações novas, cada qual alcançando eliminar uma ou mais camadas de resíduos obstrutores daquele eu profundo que se revelava mais inteligente durante a imersão hipnótica. Alguns de nós expressamos através das lágrimas a sensação de plenitude. Todos estabelecemos metas mais ambiciosas. Ninguém se lembrou de elaborar uma única frase de efeito para posterior inserção nesta obra. Fique apenas a impressão que hoje temos de uma etapa importante concluída. Saúde, paz e harmonia interior é o que desejamos aos irmãos encarnados. Que Deus nos abençoe, nos proteja e nos ilumine, através de nossos anjos guardiães. Saibamos receber com humildade e sabedoria as informações que chegam a todos nós de mais além.







(1) Nesta altura do desenvolvimento dos trabalhos, precisamos informar que, como Resildo não é o nome do professor, nenhum dos apelidos dos colegas está de acordo com os que possuíam em vida. Vários, inclusive, foram modificados quando poderiam sugerir o nome verdadeiro. São prescrições superiores com as quais estamos plenamente de acordo, porque sabemos o quanto dolorido há de ser para os familiares que se virem retratados com desamor ou que perceberem o sofrimento dos entes queridos que se esforçam por compreender a melhor maneira de evoluir para o Senhor. Baste-nos dizer que estamos muito melhor que na terra, porque mais conscientes de nós mesmos, graças ao lúcido empenho dos mentores da Escolinha de Evangelização.





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