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Infantil-->O BARQUINHO PIRIPAU -- 08/06/2006 - 09:02 (MARIA HILDA DE J. ALÃO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



O BARQUINHO PIRIPAU

(história de uma verdadeira amizade)

 Maria Hilda de J. Alão.
  

O formigueiro, muito ativo, ficava na mata. Era época de verão quentíssimo e úmido. As formigas, apressadas, faziam seu trabalho de coletar alimentos e armazenar tudo, cuidadosamente, para esperar o inverno. Entre essas formigas, duas se destacavam pela amizade. Eram elas: Maricota e Cotinha. As duas trabalhavam juntas, comiam juntas e na hora do descanso brincavam juntas. A rainha do formigueiro ficava encantada. Muitas vezes, a soberana se pegou pensando como seria a vida de uma delas se a outra faltasse.

Como eu disse no começo, era verão e o córrego que passava no meio da mata estava seco, não chovia há muitos meses. Maricota e Cotinha nunca tinham atravessado para a margem direita, não que tivessem medo, mas porque tudo de que precisavam estava ali na margem esquerda onde ficava o formigueiro. Nesse dia, pela manhã, ventou muito. Depois que a ventania passou, Maricota viu, lá margem direita, muitas frutinhas amarelinhas caídas no momento do vendaval. Aí veio a idéia.

- Cotinha, vamos buscar aquelas frutinhas que estão do outro lado? Nós juntamos tudo e chamamos o pessoal para carregar. Vamos, amiga, vamos!

Cotinha era uma formiga prudente. Pensava muito antes de se meter numa aventura por mais comida que essa aventura pudesse render.
- Não. Acho que não devemos nos arriscar, o tempo pode mudar...
- Não seja boba. É rápido e podemos variar a comida.
- Nós já temos comida demais no formigueiro. – disse Cotinha.

De nada adiantou o argumento da formiga prudente, Maricota entrou no córrego seco e foi para a margem direita juntar as frutinhas. Meia hora depois desabou uma forte chuva. O córrego começou a se encher de água e ficou perigoso para as formigas. Cotinha ficou inquieta. Maricota não havia voltado. Ela subiu numa árvore bem alta para ver a outra margem do córrego, e lá estava a Maricota sentadinha no montinho de frutinhas amarelinhas, toda molhadinha balançando as anteninhas, tentado encontrar um jeitinho de voltar para casa.

Cotinha ficou feliz, pelo menos a amiga estava bem. Como ajudá-la a voltar? Essa era a questão. Cotinha desceu da árvore e começou a olhar em volta do formigueiro. O vento derrubara muitas folhas das árvores. Foi no meio dessas folhas que Cotinha encontrou a solução: um pequeno ninho de passarinho. Faria daquele ninho um barco para ir buscar a amiga.

- Já sei! Este será o barquinho Piripau, meu barquinho de salvamento. Aiô Maricota, aí vou eu! – exclamou Cotinha forrando o fundo do ninho com folhas.

Mas havia um problema. O ninho, em relação ao tamanho da formiga, era grande e Cotinha, sozinha, não tinha força para empurrá-lo até a água. Ela foi até a rainha e contou o sucedido. A rainha deu a ordem:

- Atenção, formigas, eu ordeno que ajudem a operária Cotinha a colocar o Piripau na água. Esta é uma operação de salvamento.

O batalhão de formigas começou a empurrar o pequeno ninho de passarinho, agora chamado de barquinho Piripau, para dentro do córrego. Cotinha partiu remando velozmente usando um graveto que ela chamou de remo. Levou um bom tempo para chegar à margem direita. Chegou. Prendeu o barquinho numa raiz que brotava do chão e correu para abraçar a amiga.

- Maricota, você é incorrigível! Viu no que deu a sua aventura? Poderia ficar deste lado por muito tempo, sabia? O córrego vai demorar muito para secar novamente. Já imaginou você aqui, sozinha, sem o resto da família?

- Ai, amiga, me perdoa, mas eu não pude resistir. Veja quanta frutinha eu juntei!
- Não podemos levar nada porque senão o barquinho vai afundar. É muito peso. – disse Cotinha.
- É. Você está certa. Que pena! – exclamou triste a Maricota.

Enquanto Cotinha soltava o Piripau para voltar para o lado esquerdo, Maricota escondeu debaixo das folhas, que forravam o chão do barquinho, uma das frutinhas amarelinhas. Remaram de volta para o outro lado. Chegaram. Alegria geral. A rainha deu uma bronca real em Maricota que ouviu tudo de cabeça baixa. Depois aconteceu a festa. Um baile animado com muita comida. A certa altura, Maricota subiu numa pedra e gritou para que todos ouvissem:

- Pessoal, hoje eu tive uma prova de amizade que ninguém jamais teve. Por isso é que eu quero premiar essa amiga querida. Meninas, é a formiga Cotinhaaa! – exclamou estendendo uma das antenas e apontando para a amiga.

Cotinha se aproximou para o abraço da amiga quando começou o ruflar dos tambores. Rataplan, plan plan. À frente vinham dez das mais fortes formigas carregando a frutinha amarelinha. Chegaram perto da Maricota, puseram a frutinha no chão e ficaram em posição de sentido. Os tambores ruflaram novamente, rataplan, plan,plan, agora com mais intensidade. Maricota, emocionada, disse:

- Amizade não se compra. É um sentimento que brota, cresce e floresce. Em nome da amizade somos capazes de atos heróicos como o da minha amiga Cotinha. Por isso eu ofereço esta frutinha amarelinha a você Cotinha. Obrigada pela sua preocupação, pelo seu empenho e pela sua coragem de me retirar da encrenca em que eu me meti.

Cotinha chorou emocionada, no que foi imitada por todas as outras formigas.  A partir desse dia, nunca mais Maricota se meteu em encrencas. Passou a ouvir e a seguir os conselhos da sua prudente amiga Cotinha.
 
08/06/06.
 
(histórias que contava para o meu neto)    




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