“A cidade é um organismo vivo.” Nada mais simples e verdadeiro para tentarmos entender o nascimento e o desenvolvimento de uma cidade ou para se começar a analisar o desenvolvimento urbano. Não confundir desenvolvimento das cidades com desenvolvimento urbano.
Os primeiros grupamentos humanos que formaram cidades se deram em feiras, mercados, beiras de portos fluviais ou marítimos.
Poucos são os exemplos de cidades que nasceram de um planejamento tais como Brasília e Camberra, na Austrália.
Pois bem, formado um grupamento humano começam a serem delineadas as leis e normas jurídicas e sociais. É aqui onde o Estado começa a se sobrepor ao indivíduo, é quando a pessoa perde a sua personalidade e passa a adquirir a personalidade imposta pelas leis.
O modo de produção industrial em série, exploração do assalariado determinou o rumo a ser seguido pela sociedade.
Na sociedade capitalista a veneração pelo consumo não é apenas para quem tem muitos recursos financeiros, quem não os tem busca incessamente mais recursos para poder gastar com bens de consumo. Exemplo disso é o gosto de nossos jovens ao ver os atletas bem sucedidos, as modelos e atrizes loiras fazerem sucesso no nosso país de negros e mulatos.
Com a revolução industrial o sonho de consumo chegou ao campo. Os camponeses inicialmente mandavam seus filhos para estudarem na cidade, serem “gente importante”. Com a ascensão dos fihos, os pais também deixaram o campo. Com o êxodo rural e o crescimento vegetativo o espaço foi-se expandindo, tomando contornos próprios. Como o Estado não tem oferecido condições de organização de acordo com o crescimento vegetativo deu-se uma urbanização desorganizada.
A usurpação foi aperfeiçoada através da criação dos blocos econômicos de países ricos contra os blocos dos países pobres, continua a exploração do trabalhador pelo dono do capital.
Dando um salto para os dias atuais, o nosso sistema ocidental capitalista optou pela valorização dos bens de consumo, instalando o sistema de vida onde quem não consome ou consome menos é visto com diferença. Intercâmbio entre culturas e novos valores serão agregados aos costumes dos povos. Alteram-se desde o modo de vestir, falar ou alimentar-se, ouvir música etc.; quem não se integrar, assimilar o novo, está fora do seu grupo.
O modo de produção está sendo substituído pelo que vem de fora, as características das nossas empresas já não são as de outrora, os nossos símbolos aos poucos estão sendo substituídos pelos símbolos dos países mais ricos.
Nos dias atuais a imposição cultural não se faz mais através da tomada de poder pela força. Faz-se sorrateiramente, subreptciamente. A sociedade mais forte não pergunta, impõe; não consulta os mais fracos se eles querem mudar de valores ou de atitude, simplesmente despreza a opinião do outro.
Então percebe-se que a busca de desenvolvimento qualitativo é barrado pelo crescimento quantitativo. Aqui, o que vale é o ter, o possuir e o poder, em detrimento do valor das relações humanas. Aqui há o choque quando da percepção do valor da troca e a troca de valores, as diferenças de povoamento, a complexidade das relações e o valor da troca.
Como o fenômeno urbano é planetário, calcado nas trocas comerciais, o que muda de uma geração para outra são os valores culturais, ainda assim são fortemente aviltados e subjulgados.
Os conflitos atuais não se dão mais entre campo e cidade. Para vencer esta batalha a estratégia mais eficiente é a união, em bloco, principalmente o mais fraco frente ao mais forte. O sindicalismo e o cooperativismo são as instituições mais modernas e fortes para o enfrentamento de força numa sociedade democrática.
O fenômeno urbano traz em seu bojo os problemas do fenômeno social. Problemas demográficos, geográficos, econômicos, sociológicos, psicológicos e tantos outros.