Crónica poética...
Existe isso?
Se não, acabo de inventar!
Sem conserto!
maria da graça almeida
O bom e simples Vicente, encontrando um amigo recente,
convidou-o à mesa de um bar e puseram-se a conversar...
Entre goles mais além e do povo, o vaivém,
dos filhos contavam os feitos, gabando-os lindos, perfeitos.
De repente, pela calçada, franzinas, acanhadas,
surgiram três moças na praça, andando com pressa, sem graça!
Vicente, assim que as notou, ao amigo observou:
- Bem feia é a moça do canto, causa-me, até, certo espanto!
- Sinto muito, amigo Vicente, pela sua pouca mesura,
mas aquela moça do canto é Ana, a minha caçula!...
- O amigo não entendeu, não é a daquele canto,
falo é da moça ao lado, a que tem o xale franjado.
- A moça quem se refere e em quem seu veneno desfere,
tão somente é minha mulher e não uma dona qualquer!
- Creio que mal me expliquei, não são as das laterais,
refiro-me à que está no meio, esta sim, tem o rosto feio!
- A moça que está no meio, de quem, sem delicadeza,
você diz do rosto feio, é minha filha, a Tereza!
E pra terminar a história, Vicente resolve ir embora,
dizendo, com muito respeito, antes do pé botar fora:
- Desculpe-me, caro amigo, pela tão rude maneira,
mas nem lhe posso dizer, que foi mera brincadeira...
Mais honesto é admitir-me enredado numa teia,
já que a família inteira, não tem jeito...
é toda feia!
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