Suéter de linha
maria da graça almeida
Madrugada sombria. Luar discreto.
Morrera o dono de um só afeto.
Na sala vazia, fechada a janela,
somente chorava um par de velas.
Presa no quarto, sua amiga fitava
no gancho da porta, um suéter retido
e ali entendia que à despedida
apenas tal traje era o empecilho.
Enfim, nasce o dia...Aberta a porta,
o suéter de linha em linha, jazia
ao redor da goela...da cadela morta.
maria da graça almeida
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