A NECESSIDADE DE FALAR
O homem,
Ser inteligente por sua própria natureza,
Sente uma vontade incontrolável de se expressar.
Falar por vários motivos,
E falar até por falta de motivos.
O falar é uma constante.
Fala com quem nem o entende,
Como quando se fala com um animal.
Fala com quem já se foi,
Como quando se ajoelha defronte um jazigo,
Cuja lápide traz o nome de um amigo ou parente,
E se põe, inadvertidamente a falar.
Fala do que já foi,
Fala do que é,
Fala do que será,
Fala até daquilo que não teve coragem de dizer.
Fala com quem ainda nem nasceu,
Como quando a mãe fala com seu filho,
Que ainda se encontra dentro de seu ventre.
Fala com as mãos,
Fala com o corpo,
Fala com os olhos,
Fala com a alma,
Fala com o coração.
E, quando fala com o coração,
É capaz de expressar as mais belas palavras,
Os mais belos gestos,
Os mais puros sentimentos,
Sem se quer,
Proferir um só lampejo de voz.
Fala por falar.
Fala com razão,
E fala sem razão.
Fala por raiva,
E fala por paixão.
Mas, fala.
Fala sem saber porque,
Fala sem saber onde,
Fala sem saber quando.
Apenas fala.
E é o quanto basta
A um espírito desbravador
E insubmisso por sua própria natureza.
Rodrigo M. Delgado
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