“O erro de muitos políticos é esquecerem que foram eleitos; ficam achando que foram ungidos.”
Claude Pepper (1900-1989), político americano.
É prática corrente no Brasil, na época das eleições, a grande injeção de recursos públicos federais ou estaduais em obras e benfeitorias há muito prometidas e esquecidas.
Quando um partido concorre a um cargo, os seus representantes prometem o céu a seus eleitores. Na época da renovação do mandato, portanto, das eleições, o partido do governante que não cumpriu suas promessas jorra recursos em obras eleitoreiras e de novo promete fazer o que não foi feito ao longo da sua administração.
Os partidos menores - da oposição, esperneiam, põem a “boca no trombone” alegando abuso do poder econômico, contra-atacam com ações judiciais, barram a aprovação de projetos do governo no Congresso, enfim, se viram como podem para denunciar a fraude.
O partido que está no governo joga a ética na lixeira mais próxima e se agarra no que estiver ao alcance para se manter no poder. Isso independe da cor da bandeira partidária.
Felizmente isto acontece. Só assim é retomada e concluída a construção daquela ponte ou da estrada há muito prometidas e esquecidas. É só nessa época que a canalização de esgotos, água pluvial e outras benfeitorias são realizadas. Quem ganha é a população daquele povoado ou da capital que continuariam esquecidos não fosse o advento das eleições.
Essa é uma manobra já bastante conhecida e não garante maioria de votos ao partido mais rico, o do Governo.
Por que não trocar essa prática de bom administrador de obras de última hora pelo hábito de fazê-las aos poucos ao longo do mandato?
Não seria mais eficaz se o partido que está no poder mostrasse o que foi realizado durante o seu mandato? Ora, é mais suscetível acreditar naquele que fez e mostra resultados do que em promessas de quem está chegando. Fazer ainda é melhor que prometer.
A liberação desenfreada de recursos tem dado certo? Nem sempre. Governantes anteriores usaram essa prática em vários momentos tanto para aprovarem projetos de seu interesse no Congresso Nacional como para a eleição de um afiliado. Se essa prática fosse infalível não haveria alternância de poder. O mandato seria sempre do partido que tem a chave do cofre.
É melhor acreditar em uma nova promessa do que reeleger um bom administrador de última hora.