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Infantil-->A FONTE DO SAPO -- 23/11/2006 - 19:25 (MARIA HILDA DE J. ALÃO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A FONTE DO SAPO
 
Maria Hilda de J. Alão.
 
 
Havia uma casa grande toda pintada de branco com janelas azuis, na Rua do Coração que ficava no lado leste da cidade da Imaginação. A casa tinha, na frente, um belíssimo jardim com flores de todos os matizes. Pássaros, abelhas e borboletas viviam felizes ali. Na casa viviam o casal e duas meninas, uma de sete anos e a outra de quatro. Dentro da casa era como no jardim, um paraíso de alegria. As meninas eram como os pássaros e as borboletas, alegres e traquinas.

Numa tarde, quando as duas brincavam na frente da casa, a menina mais velha, Mariana, percebeu que faltava algo para aumentar a beleza do jardim.

- Já sei! – disse ela – Uma fonte.
Entrou e foi falar com o pai.
- Papai, porque não faz uma fonte no jardim. Ele ficaria mais bonito e os passarinhos podem beber água e tomar banho.

- Tens razão, filhinha, eu vou providenciar.
E o pai chamou o vô Zelito, conhecido pedreiro da cidade e que tinha fama de bruxo. Diziam que ele fazia bruxaria e que coisas inexplicáveis aconteciam com as obras que ele executava porque misturava, ao cimento, um pó mágico feito asa de morcego. Depois de uns dias de trabalho, lá estava a fonte jorrando água para o alto e com um sapo esculpido em cimento (será que tinha o tal pó) na posição de quem se mira no espelho da água. Uma verdadeira obra de arte.

Os pássaros e as duas meninas estavam felizes.
Numa tarde vô Zelito caminhava pela Rua do Coração e, ao chegar diante da casa da fonte, avistou a menina Mariana agachadinha olhando o sapo. Zelito parou e disse, assustando a criança distraída:

- Parece de verdade, não é?
- É. Ele só falta pular e coaxar... – respondeu, refazendo-se do susto.

- Não quer experimentar? – perguntou o velho.
- Mas ele é um sapo de cimento, nunca será um sapo de verdade...

- Vamos, feche os olhos e deseje muito para ver o que acontece. – recomendou o velho Zelito.
Mariana fechou os olhos e desejou muito, com toda a força do seu coraçãozinho. Escutou um barulho. Foi abrindo os olhos bem devagar... Olhou para o sapo e lá estava ele comendo os insetos que se acumulam na água parada. E o vô Zelito? Ele não estava mais no portão.

Desapareceu. Mariana ficou intrigada, não com medo, e resolveu que iria colocar aquela história em pratos limpos tão logo encontrasse o vô Zelito.

- Ele vai ter de me explicar tudinho. Quero saber como o sapo ganhou vida e depois de alguns minutos voltou a ser de cimento... eu quero saber... – dizia ela entre os dentes.

Dias depois, a menina estava no jardim colhendo flores e, de costas para o portão, não viu que vô Zelito apareceu como num passe de mágica. Só ouviu a sua voz que dizia:
- Você disse que eu tenho de lhe explicar tudinho, eu vim para isso.
Virando-se ela lhe perguntou:

- Como o senhor sabe que eu disse isto? Não estava mais aqui quando o sapo virou de cimento novamente! O senhor é bruxo, mago ou duende desses que advinham tudo?
O velho não negou nem confirmou e, sorrindo, respondeu:

- Esquece que o vento carrega as palavras e os pensamentos da gente para o espaço?  É por isso que eu sei.

- Então me diga como é que o sapo ficou vivo e depois virou de cimento. – pediu ela.
- Eu mandei você fechar os olhos e desejar muito, não foi? O seu desejo sincero e a sua fantasia deram vida ao sapo. Só que a fantasia é temporária, não pode durar para sempre.

Terminado o tempo, volta tudo à realidade. Você pode se valer desse recurso para sonhar sem se perder no sonho. Porque se você viver no mundo da fantasia sem limite ficará decepcionada com a realidade quando for adulta.

- Então, se eu não exagerar, posso fazer o sapo viver quando eu quiser?
- Sim. – respondeu o vô Zelito desaparecendo numa nuvem branca confirmando as suspeitas de Mariana.

– Ele é um mago... eu não me enganei... eu não me enganei... – murmurava a menina meneando a cabeça.

Mariana ficou contente. Agora ela podia ter o sapo vivo na fonte quando quisesse, podia falar com as flores e ouvi-las, com as borboletas, com os pássaros, com as minhocas, com os besouros, com as abelhas... Seria um tremendo falatório, tremenda algazarra... tremenda bagunça... balburdia geral... era só desejar muito.

- Ei, pode parar! – exclamou ela para si mesma, lembrando-se das palavras do velho Zelito – Alguém pode pensar que sou louca... Fantasia tem limite. – completou a menina.
 
23/11/06.       
(histórias que contava para o meu neto).

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