Levantei-me e apaguei a luz:
já não importava estar desperto
e comecei a ansiar pelo nada absoluto.
Mas a claridade do dia deteve-se perto de mim
e eu precisei deixar de sonhar
e integrei-me consubstancialmente no todo.
Entretanto, o eu anterior permaneceu imanente
e o que veio depois apenas acrescentou-se-lhe,
como se o ser e o não-ser fossem uma só essência.
Agora, tenho a impressão global do universo,
sou um plácido angustiado, um alegre infeliz,
e sou um só sem saber suficientemente a disposição dos seres.
Amanhã, lançarei as bases da verdade última.
Hoje, procurarei apenas esquecer que existo.
22.10.59
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