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Artigos-->Um clique na cidadania -- 11/10/2004 - 22:30 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O parente de uma colega de trabalho veio visitar Brasília e ficou admirado com o nosso costume em pararmos nas faixas de pedestres. Tanto foi sua admiração que essa pessoa fez questão de fotografar os carros parados enquanto as pessoas passavam.



Mas esta é a reação que temos ao nos depararmos com uma situação inusitada, com o desconhecido. Somente as coisas absurdas nos chamam a atenção; não ligamos para o trivial.



O Brasil é repleto de momentos que mereceriam ser eternizados num clique fotográfico. Destaquei apenas três que acho muito interessantes.



Ao ter a idéia de propor a arrecadação da CPMF o Dr. Adib Jatene, quando Ministro da Saúde, deve ter-se maravilhado e fotografado na sua imaginação o Ministério contratando mais médicos e enfermeiros, comprando equipamentos novos e consertando os que estivessem quebrados, os corredores sem fila e as pessoas sendo atendidas no mesmo dia, o chão limpo e livre de doentes que agora estavam deitados nas macas.



Em 1998 eu também fiquei maravilhado quando ao parar num semáforo percebi que não havia crianças vendendo balas ou pedindo esmolas, como de costume. Naquele instante fotografei em minha mente como dormiríamos mais tranqüilos se em todo o Brasil os governantes copiassem o nosso exemplo. Nesta época, estava em pleno vigor o Programa Bolsa-Escola que tirava as crianças da rua e as colocava na escola com um salário mensal.



Outro momento inesquecível foi em março de 2002, quando o príncipe Charles veio a Brasília. Nos dias que antecederam sua visita o governador ‘sumiu’ com todos os mendigos e vendedores ambulantes. As ruas foram lavadas, os meios-fios pintados, os jardins varridos... Tudo para não incomodar ou turvar as ‘delicadas’ vistas de Sua Realeza. A cidade estava mais linda e de qualquer ângulo posava para uma foto. Novamente nós arrumando a casa ‘para o inglês ver’. Antigamente, quando ainda não existia energia elétrica, os escravos carregavam lampiões ou o governo iluminava a rua para os ingleses poderem enxergar à noite, daí a expressão ‘coisa para inglês ver’.



Pois bem, quando nos comprometemos a respeitar a faixa de pedestres, quando aceitamos o pagamento da CPMF ou apoiamos um Programa que tira crianças da rua, estamos desejando a melhoria da qualidade de vida de nossa gente, assim como já o fizemos em inúmeras vezes quando fomos chamados (arrecadação de alimentos para os flagelados da seca ou de enchentes, combate à dengue, mutirões para construções de casas populares etc).



São estes cliques de cidadania que por um momento nos faz acreditar que é possível vivermos num país com mais justiça social. A nossa disposição em contribuir é porque alimentamos a esperança de que um dia nos orgulharemos dos nossos governantes.



Infelizmente a faixa de pedestre só é respeitada em Brasília, os recursos da CMPF nunca chegaram aos hospitais, o Programa Bolsa-Escola está virando um mero distribuidor de esmolas - as crianças daquela época, hoje adolescentes, voltaram ao mesmo semáforo. Desenfurnaram os mendigos e os vendedores ambulantes tão logo o príncipe Charles deixou esta cidade. Tudo não passou de um ‘flash’, de um lampejo de cidadania.



Os nossos governantes estão tendo mais uma oportunidade para nos orgulharmos deles. É a extinção da imoral taxa de assinatura básica dos telefones residenciais e celulares. Como o assunto ainda é embrionário e a população ainda não se engajou na defesa desta causa, corremos o risco de continuarmos pagando pelo que não usamos.



As empresas de telefonia pagarão qualquer preço para que este assunto não chegue aos ouvidos da população e assim barrar este processo no Congresso Nacional. Como o capitalismo não tem sentimentos e as decisões dos parlamentares são “eivadas de paixões”, o amor ao dinheiro pode falar mais alto que a paixão pela cidadania. E se o parlamento não ganhar esta batalha a culpa não é ‘do sistema’ ou ‘do capitalismo’. O problema está na nossa dispersão. Cadê o grito dos “170 milhões em ação”?

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