Crianças de São João Del Rei
Tancredo, levante de sua tumba,
Vem acudir essa turma,
Que não tem pra onde ir.
Vivem em bando,
Feias, maltrapilhas, bonitas,
Todas perdidas, pobres crianças ricas,
Sem esperança nas mãos.
Nas praças disputam com
Pardais, inconformados,
Migalhas de pães atirados por
Gente incomodada.
Abandonadas, tal qual cidade,
Entregues a própria existência da realidade,
Nem imaginam que terras são aquelas
Pisam e lhes fogem aos pés.
Ingênuas, sem destino,
Perambulam nuas pelas ruas,
Abnegadas, meninos vadios,
Morre-se de fome, mutilados,
Sem amparo, alienados.
Passeiam inconscientes entre desconhecidos
Decepcionados, são apenas crianças,
Já nascem adultas, sem infância,
Descrentes de sonhos e ideais.
Não crêem na vida, nem amam essa terra,
Escravizadas pela miséria,
Castigadas na indiferença das Gerais.
Não lembram dos inconfidentes que a história
Fez presente, sabem que a
"Libertas quae sera tamen",
Não virá jamais.
Rimarquesz. |