Casa
maria da graça Almeida
A Casa abafada,
quando suada,
abria a janela,
postava-se nela!
Abria a porta
se entediada,
quando de dentro
não via nada.
Nos dias de chuva,
fechava a janela,
deixava os pássaros
pernoitarem nela.
No inverno acendia
bem cedo a lareira.
Bom era o calor
daquela fogueira!
Querendo espiar,
sem que fosse vista,
olhava através,
das finas cortinas.
E eis que um dia,
a Casa avistou
Aninha, a menina,
que a conquistou...
A casa, sorrindo,
chamou-a pra entrar,
Aninha aceitou
e pôs-se a arrumar,
a mesa bem farta
pra um belo jantar.
Depois, obrigou-a,
que viesse comer,
a casa, sem jeito,
sentou sem querer
e pediu à menina,
tão-só, um favor:
- Não feche a porta,
estou com calor!...
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