Tudo ocorre ao meio-dia.
O dia chega ao meio,
o sol, de luz, é bem cheio;
o trem que vem e apita
estômago oco se agita;
guri pegando a bola,
mochila se indo à escola.
Tudo ocorre ao meio- dia.
Na igreja insiste o sino,
o céu, no azul, é menino;
na praça clara, deserta,
o tédio do homem, desperta;
um cão se encolhe na rua
o sol não vislumbra a lua.
Tudo ocorre ao meio- dia.
Dias nos tons da tristeza,
dias nos sóis da ternura.
Dias de pão sobre a mesa,
dias do adeus à fartura.
Pare um dia e repare,
o dia ao meio-dia,
num sol tão forte que arde,
tão longe está da manhã,
quão longe, do fim da tarde.
O dia é muito mais dia,
sem atraso, sem desconto,
quando já é meio-dia,
um dia ao meio em ponto.
Maria da Graça Almeida
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