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Artigos-->Fernanda Vogel -- 08/10/2001 - 09:19 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Eu nasci na beira da praia e a minha ligação com o mar sempre foi uma coisa que mexeu muito comigo, em todos os momentos importantes na minha vida o mar foi meu companheiro, quanto de seu sal um dia foram lágrimas que me fizeram mal...e me fizeram bem, de um virei dois, virei três, virei dez, virei cem...

Me lembro da lua refletindo no mar o seu brilhar, das ondas que quando eu estava triste faziam carinho nas minhas pernas quando eu caminhava com água pelas canelas, dos castelos de areia que povoaram meus sonhos de criança, das minhas pegadas na areia quando eu corro de walkmam nos ouvidos e de pés descalços para sentir a areia macia da praia, dos poemas e dos nomes das pessoas que eu amava e escrevia na areia e água e o tempo um dia apagaram...do vento que soprava do mar e que eu mandava meus beijos e recados pelo ar, vento que parecia querer dizer que alguém estava em outro lugar na frente do mesmo mar , em outro alguém como eu , a pensar...

Mar que um dia me ensinou a sonhar, mar que me ensinou a nadar e também a amar, mar que aprendi a respeitar...mar que me trouxe e me levou tanta coisa...

Me lembro de uma vez ter uma tristeza profunda no coração, como as águas por onde fui mergulhar, era perto de uma ilha, chamada ilhabela...e quanto mais eu mergulhava, mais eu queria ir para o fundo, era como se o mundo da superfície não precisasse mais existir, os peixes pareciam olhar para mim, tinha um vermelhinho que me acompanhou, não dava para chorar, era como se eu estivesse mergulhado numa infinita lágrima da terra, era como se aquela água fosse o útero da minha mãe, naquela minha viagem era como se eu estivesse voltando para onde tudo começou... e cada vez mais fundo eu ia mergulhando, não sentia mais falta de ar, eu ainda não estava vendo o fundo do mar, o peixinho vermelhinho ali do meu lado e imagens começaram a passar pela minha frente, numa delas tinha eu brincando com meus irmãos de esconde-esconde, outra eu andando de cavalinho nas costas do meu pai, meu primeiro beijo, minha primeira bicicleta, quando eu quebrei a clavícula ,minha vida passava em slides...as pessoas que eu amava ainda estavam lá na superfície , tinha uma vida inteira a me esperar lá na superfície...então eu vi o fundo do mar, era como se eu tivesse atingido o fundo do poço, daquela imensa depressão, o rosto dela estava lá ...sorrindo, o rosto da pessoa que naquele momento era a razão da minha vida, o meu bem , o meu mal...mais eu tinha que voltar, tinha que me levantar, tinha que voltar a viver, tinha que subir...dei adeus com os olhos para ela e comecei a subir, o peixinho vermelhinho já tinha ido embora...quando olhei para cima eu pude ver o quanto estava fundo, estava muito fundo, como a tristeza que eu sentia...fui subindo devagar, quando se mergulha muito fundo não se pode subir muito rápido, não sei quanto tempo fiquei lá embaixo mas foi muito tempo...e quando senti o ar invadir os meu pulmões e a luz do sol tocar na minha pele foi como se eu tivesse nascido de novo, foi maravilhoso, jamais vou me esquecer desse dia...

Estou muito triste porque a Fernanda Vogel morreu no mar, se eu pudesse teria nadado com todas as minhas forças para ir salvá-la, sei que o mar estava furioso, porque a natureza do mar é selvagem e indomável, mas ele tem um pouco das minhas lágrimas e se ela estivessem ali por perto da Fernanda elas poderiam ajudar...espero que o peixinho vermelhinho tenha ficado do lado dela para ela não sentir muito medo...desculpe Fernanda, me perdoa, deveria ter chorado mais...

Quando eu voltar para o mar de novo, vou nadar lá para o fundo e mergulhar quem sabe a Fernanda não morreu, está lá no fundo do mar ...sorrindo.



Um beijo...vou continuar a chorar, porque quem é homem chora...se eu tivesse outra vida seria dela também...

André Luís 03/08/01







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