Solidariedade "colepédrea"
maria da graça almeida
Solidariedade... nem sei se a procuro ou ofereço.
De qualquer forma, meu alvo é aquele,
que se fez alvo das pedradas do próprio corpo.
Caro "colepédreo", estou perplexa!
Confesso: nunca antes pensara que parir minerais
fosse assim tão doloroso quanto parir seres humanos.
A dor do parto traz como recompensa um bem maior,
o maior dos bens: o filho.
É uma dor que soma. Dói, sim, mas se ganha!
Parindo um mineral ganha-se só se houver perda: a perda da pedra.E roga-se ainda para que seja total, a perda e, restrita, a pedra.
Talvez tivesse Deus a intenção primeira
de após a morte material transformar o homem em pedra e não em pó, e depois mudou de idéia, sentiu pena, teve dó!
A poeira é mais leve e menos contundente.
E Ele graças a Ele Mesmo, Benevolente,
viu por bem isentá-lo de tão cruel destino!
Ter presentes as partículas delas, já é insuportável,imagine, então o que sentiria,
se a elas entregue,-ainda que anestesiado pela dormência mortal- vivenciasse, petrificadas e perpétuas as desilusões de uma insignificante passagem por este mundo de pedradas desferidas pelo próximo ou pelo não tão...
E mesmo transmudada de Deus a intenção
às vezes um sopro da vontade original faz-se presente e aí recebemos estupefatos uma pedrada diferente.
Maria da Graça Almeida
"Colepédreos" = colegas proprietários
de pedreiras renais( que não lhes geram lucros;
aos planos de saúde, tampouco.)
Brincadeiras... à parte...E por que não brincar, ainda que com coisa séria? Sorrir é uma arte, minora a dor.
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