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Infantil-->O PERNILONGO INSOLENTE -- 11/04/2007 - 23:00 (MARIA HILDA DE J. ALÃO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





O PERNILONGO INSOLENTE
 
 
Maria Hilda de J. Alão.
 
  
 
Um pernilongo voava, em busca de alimento, sobre jardins, parques e bosques, mas não encontrava a carne macia que ele queria para dar aquela ferroada. Como costumava dizer, já estava cansado de usar seu ferrão em carnes duras, correndo o risco de o quebrar. E depois? Como faria para se alimentar? Um pernilongo com ferrão defeituoso é considerado um deficiente físico.  É. Isso não podia acontecer com ele.

Continuando a sua procura, ele foi parar num galinheiro. Pousou na cerca e ficou olhando as galinhas, os patos, os marrecos e os gansos. Não. Ali não dava. Era muita pena junta. Queria algo mais exposto, cheiroso e fácil de picar e sugar. Foi embora. Depois de um tempo de vôo, avistou um pasto com muito gado. Embora o odor não fosse agradável, escolheu um galho de uma árvore em frente e, dali, se pôs a observar e, em pensamento, a mapear o corpo de cada boi e cada vaca para atacar o pedaço mais suculento e macio, o filé mingnon. Porém seus olhos astutos repararam que bois e vacas abanavam o rabo batendo o próprio corpo com força para espantar os insetos. E lhe veio à cabeça a idéia. E se ele, no momento da chupança, levasse uma rabanada daquelas? Não. Era melhor não arriscar.

Bateu as asas e foi procurar outro lugar. Ah! Que beleza! Uma casa! Entrou pela janela aberta da sala de jantar onde dormiam um gato e um cachorro no tapete floreado feito à mão. Olhou para os dois com desprezo dizendo:

- Não perco tempo com estes pulguentos.

Continuou voando pela casa. Na cozinha não tinha nada para ele comer. Agora o banheiro, nada. Chegou a um quarto azul. No berço, protegido por um cortinado de filó, dormia um lindo bebê rosado. O pernilongo ficou todo arrepiado. Era aquilo que ele estava buscando. Finalmente encontrou. Investigou o cortinado. Gente, não havia uma brecha para entrar! Que desaforo! E o pernilongo suava frio, as perninhas tremiam, ele levantava e abaixava o longo ferrão, estava atarantado com a visão das bochechas rosadas da criança. Não via nem ouvia nada além da criança e sua respiração suave.  A fome aumentava mais e mais e ele se pôs a zumbir com sua voz de mosquito:

- Coisinha fofa, abra o cortinado. Deixe o papai entrar. Quero cantar uma canção no seu ouvido antes de dar uma ferroada nesta bochechinha tão linda. Olá! Psiu, você aí...!

O bebê dormia o sono dos anjos sem perceber o perigo que corria. Silenciosamente, a mãe da criança entrou no quarto e, olhando para o mosquiteiro que protegia o berço, exclamou:

- Mas que pernilongo insolente!

E com a fralda que trazia na mão ela acertou o pernilongo que, tombando ao chão, dizia com voz moribunda:
- Eu só queria  co
                              co
                                    m e
                                             e
                                                  e
                                                       e r...
 
E assim terminou a aventura do pernilongo insolente que ousou desejar ferroar o filho de uma mãe zelosa.
 
11/04/07.
 
(histórias que contava para o meu neto).

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