Comme Sinfonia
maria da graça almeida
Nos mesmos compassos
da interna melodia,
ouço, nos acordes
de Comme Sinfonia,
a trilha musical
da minha adolescência.
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A gota dependurada
inda vive quartos de hora.
Pelos cílios, resguardada,
não rola, nem evapora,
Define-me, a memória,
um amor tido como bom,
que, por sobreviver tão pouco,
nem causou decepção.
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Imagens sinuosas desfilam
com os incômodos da inquietude,
enquanto os sons da maioridade
abafam as vozes da juventude.
Ó permanente e decantada saudade,
revele-nos os sentimentos
que nos passeiam por dentro
em nostálgicos movimentos...
Ó saudade sem urgências,
libere-me, recatada, a lembrança,
que dói, mas não tira nacos,
corrói e não deixa buracos.
Ó saudade sã, que não dilacera,
preencha o insistente vazio
entre o longínquo ontem das quimeras
e o hoje indeciso, travestido de espera.
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