Memória
maria da graça almeida
Enquanto o presente
confunde-se com o
desencanto do cotidiano
e os dias passam despercebidos,
enfrento a incerteza do amanhã,
resgatando as certezas do ontem.
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Em face de antigas recordações,
se acordada, adormeço sorrindo.
De que vale a vida sem memória?
Ao adormecer, acordo com as imagens
das travessuras da infância.
De que vale o passado sem história?
Ao descorar a paisagem dos tempos idos,
uma discreta tristeza envolve-me o peito.
Aí, empenho-me para que os ressentimentos,
por desventura, instalados
não se imponham sobre as boas lembranças,
sombreando-as com o pó do esquecimento.
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