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Infantil-->O CHIMPANZÉ FEITICEIRO -- 16/07/2007 - 10:24 (MARIA HILDA DE J. ALÃO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
 




O CHIMPANZÉ FEITICEIRO
 
Maria Hilda de J. Alão.


O tempo passou desde que a cobra Marizé se mudou para o pantanal do Mato Grosso deixando, na Mata Atlântica, muitos amigos e entre eles o jacaré Formoso. O jacaré se casou com uma linda jacarezinha a quem a bicharada passou a chamar de senhora Formosante.


O jacaré Formoso estava muito feliz, e para completar a felicidade ganhou dois lindos filhos, Formosinha e Bonitinho. Mas Formoso queria que sua amiga distante conhecesse a sua família e que soubesse o quanto ele estava feliz. Pensou em juntar a esposa e os filhotes e partir para o pantanal. Desistiu da idéia porque as crianças ainda estavam aprendendo sobreviver e dependiam muito dele e de Formosante. Não. Viajar não.


Uma tarde, conversando com um velho crocodilo, Formoso falou da saudade que sentia de Marizé.

- Pois é, Crocolante, queria muito apresentar a minha família à Marizé, saber como ela está, e se tem uma família como eu. Sinto saudade do tempo que ela morava aqui. Saudade das nossas conversas, das nossas discussões sobre quem é o bicho mais valente. Ela sempre pendia para o lado da onça pintada. Para ela é o bicho mais valente, de andar suave e elegante e imbatível na corrida para caçar.

- Amigo Formoso, você não está pensando em viajar para o pantanal com a sua família, está?

- Não. Eu já descartei esta idéia. Formosante jamais iria. Eu até posso ver o jeito dela falando se eu fizesse a proposta: “Nunca que eu vou arriscar a vida dos meus filhos indo para uma região distante e desconhecida só para a sua amiga maluca conhecê-los. Maluca sim! Porque uma cobra que sai da Mata Atlântica para ir morar no pantanal por causa de um vestido, é maluca sim!!”. Que devo fazer, amigo Crocolante?


- Vá conversar com o chimpanzé feiticeiro. Ele sabe umas mágicas que levam os bichos para qualquer lugar sem que seja preciso sair de onde estão. Daí você e sua família poderão chegar ao pantanal sem saírem daqui da Mata Atlântica. – sugeriu o velho crocodilo.


E os dois partiram para a região dos macacos a procura do chimpanzé feiticeiro. Chegaram e foram recebidos por ele no oco de uma árvore onde eram guardadas as quinquilharias para executar mágicas. Formoso explicou o seu desejo e o problema que traria se ele contasse à esposa. O chimpanzé ouviu calado. Quando o jacaré terminou o macaco disse:

- Para o seu caso eu tenho a mágica do “livroajante”.


- Livroajante?! – perguntou admirado o jacaré.


- É um livro viajante onde você pode se locomover sem sair daqui. – respondeu o macaco já iniciando o ritual de magia. Foi pulando de galho em galho, fazendo sinais cabalísticos e: buuuum. Num estrondo apareceu um grande livro no chão. O jacaré e os outros bichos ficaram assustados, mas foram tranqüilizados pelo macaco que pediu a Formoso que fosse buscar a família para fazer a viagem fantástica. Chegaram os quatro e se puseram diante do incrível livro de páginas em branco.


O feiticeiro disse umas palavras parecidas com “cras, cros, tum marizé taí” e um forte vento envolveu a família jacaré lançando-a na página esquerda do livro e, no mesmo instante surgiu, na página direita, a cobra Marizé, linda como sempre, usando óculos redondos que a deixavam com ar de professora de escola primária.


Os bichos ficaram de boca aberta com a mágica do macaco. Mas é assim mesmo. Os livros são poderosos. Eles são como uma nave levando no seu interior a mente e o corpo pelo universo. Explicava o chimpanzé aos outros bichos. A conversa entre Marizé, Formoso e sua família foi longa. Ela cumprimentou Formosante pelos lindos filhos e disse que considerava todos como sua família. Afirmou que estava muito feliz no pantanal. Embora não tivesse se casado, ela tinha muitos filhos. Tornou-se professora dos filhotes de todas as cobras que moram na região do rio Amazonas.


- É uma responsabilidade grande, mas eu amo o trabalho que faço. – disse ela limpando a lágrima no canto do olho.


Formoso e Marizé continuaram a relembrar os tempos passados para aliviar a saudade e, em pouco tempo, a família inteira participava da conversa. Os dois filhotes faziam perguntas as quais Marizé respondia sorrindo, dizendo a Formosante que: “seus filhos são inteligentíssimos. Espero um dia receber todos vocês em minha casa, serão bem-vindos.”

Feito o convite e chegando à última página do livro, foi desfeita a magia do chimpanzé feiticeiro. A bicharada aplaudiu Formoso e sua família porque, através deles, eles também puderam viajar sem sair do lugar e amenizar a saudade que sentiam da cobra Marizé.



A família jacaré voltou para o ninho satisfeita.  Formoso perguntou à esposa o que ela tinha achado da mágica. Ela respondeu que achou muito boa e que depois de conhecer Marizé já não pensava que ela era uma cobra maluca.

- Ela é decidida, valente e altruísta. Lecionar não é para qualquer um. E quanto ao convite, o que você acha? – perguntou o jacaré Formoso.

- Nem pensar. Não vou arriscar a vida dos meus filhotes. – disse Formosante dando a conversa por encerrada.

- Eu sabia! – resmungou Formoso indo mergulhar nas águas do rio.

Quem sabe um dia, Formoso e sua família viagem até o Pantanal. Vamos aguardar.

15/07/07

(histórias que contava para o meu neto)
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