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Artigos-->LAR DE MENINAS AMÉLIE BOUDET É EXEMPLO EM MARÍLIA -- 17/10/2005 - 00:09 (Carlos Rogério Lima da Mota) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Moldar o destino de uma criança é moldar o futuro de um país. Assim pensam aqueles que acreditam ser a juventude o caminho para um mundo melhor, em que as pungentes desigualdades de hoje não deflagrem verdadeiras batalhas sociais, sejam nos grandes centros urbanos - com manifestações de milhares de famintos por um salário justo que lhes dê, ao menos, o mínimo de dignidade -, ou no campo - onde homens, mulheres, crianças e idosos, numa só marcha, imploram aos governos um pedaço de chão, um direito garantido pela Constituição, para poderem plantar, criar seus filhos e viver até ao fim da vida um destino sem muitas agruras.



Como nem tudo é possível na íngreme estrada que separa a realidade do sonho, muitas famílias, vitimadas pelo espírito do medo, caem durante o trajeto e não mais se levantam; as atrocidades que as devoram são infindas, sugando-lhes as últimas gotas de esperança. Algumas, das que conseguem se levantar, arrastam-se para o matagal do desespero, esquecendo-se da prole, que, acuada à própria sorte, apenas chora, incapaz de qualquer reação diante daquela visão nada surrealista do Inferno de Dante. Outras, ainda que fraquejantes, fazem do desespero verdadeiras muletas e saem à procura de portas que as recebam, pelo menos aos seus filhos, para que também não morram durante a árdua estrada da vida, cujo final nem sempre é feliz como nas novelas das oito.



Cabe aos incrédulos a dúvida do amanhã; aos pessimistas a dúvida do agora e aos otimistas, a esperança eterna, pois estes vêem com os olhos do amor a essência celestial que preenche cada lacuna da alma humana, sendo capazes de amar sem receber nada em troca, salvar uma vida, deleitando-se apenas de um simples sorriso numa boca quase sem dentes. Assim, contrariando o que propagavam os doentes de espírito, nem todas as portas estavam fechadas, havia uma que se abria em 1968, como última esperança para muitas destas famílias, por decisão de uma Mocidade Espírita da cidade intitulada Alan Kardec – o pai do espiritismo.



Estávamos nos primórdios dos anos de chumbo. As primeiras garotas chegavam ressabiadas, as primeiras lágrimas de alegria dos idealizadores desciam à face.“Foi um dos momentos mais marcantes de minha vida. Aquelas garotas chegavam cabisbaixas, com a tristeza ofuscando-lhes o brilho da íris e o pesado fardo destruindo-lhes o único de seus últimos desejos: ser alguém na vida! Lembro-me bem (os olhos enchem-se de lágrimas)... é como num desses filmes que vão e voltam em minha mente!” - diz Armando Ferrioli - um dos idealizadores do Lar Amélie Boudet, em homenagem à esposa do idealizador do espiritismo, e hoje presidente da mantenedora do Colégio Bezerra de Menezes. “Mas algo acontecia àquelas garotas... quando entravam no Lar, logo percebiam ser tão importantes como qualquer outra criança; então, como tocadas por uma força divina, viraram-se para nós e sorriam, com os olhos ressurrectos ...de uma alegria que só Deus poderia explicar! Anjos – dizíamos, aí estão os anjos de Deus”- continua.



O lar de Meninas Amélie Boudet, hoje com 37 anos de existência, não se limita apenas a receber as garotas, mas a instruí-las para o futuro, dando-lhes segurança afetiva e financeira até mesmo depois que completam a maioridade, quando deixam a instituição.



Administrado há oito anos pelos senhores Nelson Cézario Motta e sua esposa Maria de Fátima Ferraz Motta, conhecida carinhosamente por tia Fátima, o Lar oferece aulas de piano, cursos profissionalizantes (cabeleireiros, informática, pintura...), atendimento psicológico, biblioteca com as principais obras da literatura brasileira e portuguesa, amplo refeitório, além de quartos confortáveis, de primeira classe. Diferentemente de outras instituições, o Lar se mantém com recursos próprios, advindos da locação de terrenos e imóveis conquistados ao longo de sua vida.



“A alimentação e as aulas de reforço ministradas em períodos opostos aos horários em que as garotas freqüentam a escola regular são oferecidas gratuitamente pela Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal da Educação, nossa grande parceira neste projeto, que não se atém apenas a acolher crianças carentes, mas a transformá-las em cidadãs dignas, semeadoras da verdade, da solidariedade e do amor ao próximo...”- afirma o senhor Nelson, presidente da instituição, com a face serena, abrilhantada por olhares reluzentes.



“O lar é aberto à visitação, qualquer um pode vir conhecer nossas dependências, doar o que seu coração permitir, afinal, devemos muito de nosso trabalho ao povo mariliense que, incansavelmente, remete-nos cestas básicas, roupas e calçados às crianças...” - conta Tia Fátima.



“Todas as crianças que aqui estão nos foram enviadas pelo Juizado da Infância e da Juventude de Marília; algumas foram retiradas de seus lares por motivos torpes, outras abandonadas pelos pais e algumas entregues pelos mesmos ao juizado devido à precária situação financeira em que vivem... Apesar disso, poucos são os pais que as visitam nos finais de semana! Suprir a carência de todas é um trabalho diário de todos os que fazem do Lar uma grande família - finaliza Tia Fátima.



Uma família! Assim é o Lar de Meninas Amélie Boudet, com dois superpais e muitos filhos...Um exemplo de que os princípios que regem o ser humano – fé, esperança, amor, luz e união - não são apenas belas palavras do léxico português, mas essências eternas que fazem do homem, ainda que alguns desacreditem, o ser mais próximo da perfeição divina.



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