A princípio eu não concordava, mas, a pouco e pouco, com o acúmulo das "coincidências" terminei por reconhecer os argumentos do meu primogênito: é uma carga pesadíssima o filho ostentar o nome do pai.
Toda a inveja concentrada contra você, inapelavelmente, recai sobre o filho. Começa, geralmente, na escola, a cobrança do comportamento, do desempenho, mormente se o pai se destaca em alguma área do saber, tem o seu nome mencionado nas esferas mais respeitadas. Você não é o filho do fulano? Olha lá, rapaz, o fulano era cobra, você não pode negar fogo.
E por aí vai o rosário de cobranças.
Depois, se o filho resolve enveredar pela mesma área, é um Deus nos acuda.
Termina que o filho começa a sentir, se tiver a personalidade menos afeita aos embates, uma certa vontade de se ver livre do jugo do nome.
Compreendo, agora, por que alguns se desesperam e tomam o caminho do vício, desistem de lutar, não suportam o peso da cruz que lhes é imposta pelo bendito nome do pai.
Dou a mão à palmatória ao meu filho primogênito. O nome do pai é demais. Pesa mais que uma tonelada, aliás, bote tonelada nisso! |