O que pensa o eleitor quando vê o seu candidato estampado nos jornais e na televisão envolvido em denúncias de corrupção? A primeira resposta seria ódio, decepção, vergonha etc.
Todos os candidatos de todos os partidos, sem exceção, se preocupam com as curvas estatísticas e com a probabilidade de conquistar votos. Eles analisam para onde os eleitores estão indo, o que fazer para ir ao seu encontro e as chances de ganhar a eleição.
Dezenas de estudiosos já se debruçaram sobre o assunto “corrupção na política”. Poucos, porém, têm sido os trabalhos que analisam o sentimento, o coração, a alma do eleitor decepcionado. Menciona-se, aqui, apenas o eleitor decepcionado, porque o eleitor satisfeito, realizado, deixa transparecer em seu rosto e no discurso com que defende o seu eleito o quanto está contente com o seu voto.
Percebe-se com facilidade a decepção dos eleitores, falta é quantificá-la com exatidão.
Pode-se, no entanto, fazer uma gradação em que o fator decepção seja mais forte do que a insatisfação. É claro que o eleitor fica insatisfeito, se o seu candidato promete construir uma ponte ou uma escola e não o faz. A insatisfação, contudo, pode se transformar em satisfação tão logo as obras sejam concluídas. E a decepção, é possível transformá-la em satisfação?
Para alguns políticos, falta a sensibilidade para entender o coração e o sentimento dos eleitores quando estes vêem frustrados os seus sonhos e as suas esperanças. O político flagrado fazendo mal uso do seu mandato não costuma pedir perdão aos seus eleitores, nem tampouco submete o seu mandato a uma avaliação popular. Isso, pela absoluta falta de comprometimento com aquele que o elegeu.
Nas campanhas, o eleitor se compromete com seu candidato. Vende camisetas, chaveiros, faz carreatas, coloca a bandeira do partido na janela, a foto do candidato na parede, enfim, dedica-se de corpo, alma e coração.
Do outro lado, qual é o grau de comprometimento do candidato com o eleitor? Minimamente, deveria ser exercer seu mandato com retidão e lisura, trabalhar para melhorar a vida das pessoas e prestar contas das suas ações – realizadas ou não.
O candidato exige o voto para realizar os sonhos dos eleitores. O eleitor acredita e vota desejando, no mínimo, que o candidato seja honesto. Uma vez eleito, entretanto, o político cai em tentação, quebra todo o código de honra, ética e moralidade que apresentou na campanha, e nem se desculpa com aquele que lhe devotou plena confiança.
Quando decepcionado, o eleitor não tem com quem desabafar. Se falar a um amigo que é simpatizante do candidato adversário, ouvirá pilhérias e chacotas. Se chorar no ombro de um correligionário, serão dois os magoados. Um nem mesmo terá palavras para acalentar o outro.
Depois de tanto desprezar os sentimentos dos eleitores, o que pode se passar no coração, na alma do político quando ele vê seus eleitores - que outrora foram seus seguidores -, atravessarem a rua e entrarem no comitê do adversário?
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