Modesto, cabinho de pau, aquele corpinho metálico circular, apoiado em três
pezinhos, e chapa de porcelana ao centro sobraçando a resistência que por
qualquer triscadazinha de energia, logo se incandescia. E no seu bojo, tudo, presto,
se queimava ou fervia.
E no entanto, usávamo-lo com parcimônia. Primeiro porque a luz era cara, segundo
porque, definitivamente, não era coisa pro manejo de criança. E a prova abundava
nas suas bordas, a ponto de descer pernas abaixo: aquele cascorão empretecido,
quase irremovível, era sinal de distração, e leite derramado em mais de uma
ocasião. Depois, tinha também o risco do choque, de se molhar inadvertidamente a
resistência, e ali, o álibi, pra não se lavar o fogareirinho.
Tal não acontecia contudo na casa de vovó, onde as tias, pressurosas, tavam
sempre com um olho na missa, e outro na missão de não deixar o leite subir. E aí,
o fogareiro delas, feito suas areadas panelas, era um brilho só. Coisa ciosa de casa
de vó. |