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Contos-->3. O DESAFIO -- 07/04/2002 - 07:44 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ernestinho era escrevente mediúnico dos bons. Sabia a hora de comparecer ao serviço e jamais perpetrou qualquer injúria ao compromisso que mantinha com os companheiros do etéreo.

Um dia — sempre haverá de existir um dia —, cometeu sério deslize: compareceu ao trabalho com a mente alheada por preocupações pueris, como se desamparado pudesse vir a ser pelos amigos da espiritualidade, embora muitíssimo já houvesse trabalhado com eles, contando-se às centenas as missivas registradas. Parecia que algum mau espírito lhe insuflara perversamente no cérebro a idéia do desajuste.

Pois bem, surpreendeu-se e muito quando, ao postar-se para escrever, recebeu maravilhosa comunicação em que se fazia referência ao seu caso, embora endereçada fosse como narrativa excludente de qualquer envolvimento pessoal. Ao analisar os dizeres, parecia-lhe que a mensagem pudesse servir para qualquer médium em igual situação e guardou o narrado, amorosamente, em seu arquivo de comunicações especiais.

No dia seguinte, voltou ao trabalho como de hábito e o acontecimento foi esquecido.

O tempo passou. Ernestinho desencarnou e foi recebido com vivas pelos companheiros, que, ansiosos, o aguardavam para o regozijo da confraternização. Despertou, então, para a verdade espiritual e para o ministério que lhe fora atribuído para a vida, relembrando passo a passo todas as realizações no campo da mediunidade. Ao deparar-se com a folha esquecida no armário dos relicários preciosos, desejou conhecer dos amigos aquele que tivera a intuição de ditar-lhe a sagrada página que o reconciliara com o trabalho. Qual não foi a sua surpresa, quando todo o grupo se apresentou como uma única entidade.

Em sua larga experiência como monitor dos espíritos que recebiam franquia para a exposição por via mediúnica, nunca imaginara sequer que a assistência ao mediador pudesse ser tão intensa, efetiva e integral. Envergonhou-se, então, da atitude de medo e da falta de confiança no grupo dos amigos. Pediu-lhes muitas desculpas e jurou proceder em harmonia com esse ensinamento se viesse a ter oportunidade de agasalhar, em seu périplo, algum jovem ansioso por permitir, por seu intermédio, os contactos com o plano espiritual.

Aqui acabaria a história se não tivesse tido desdobramento surpreendente.

Ao adotar certo amigo encarnado como discípulo e orientando para as manifestações paternais, verificou, desde logo, que o jovem irrequieto dava abertura demasiado grande para a recepção de comunicações, preferindo mesmo aquelas de caráter bem denso em sua materialidade, principalmente se evocassem circunstâncias dramáticas de vida sobre a face da Terra. Sendo assim, expunha-se demais às lorotas daqueles que desejavam cercar o estouvado confrade de mal-entendidos e de feitos que o desprestigiariam diante da congregação fraterna que freqüentava.

Lembrou-se Ernestinho, então, do aviso que recebera e intentou passá-lo integral à pena do jovem mediador. Recebido com honras de protetor, pôs-se o discípulo a escrever bastante eufórico. Entretanto, ao perceber que a mensagem lhe dizia respeito diretamente e desconfiando de que o teor do texto acabaria por condená-lo a certas restrições e contenções, imaginou logo que se tratasse de alguém querendo inibir-lhe o trabalho diante da variedade das manifestações a que dava curso. De pronto, suspendeu a escrita, terrivelmente perturbado, imaginando-se nas mãos de algum ser suficientemente arguto para pregar-lhe audaciosa peta.

Durante três dias, Sílvio — nome fictício dessa personagem bastante verossímil para acreditar-se que possa ter existido — postou-se à mesa das intermediações mas não deu ensejo a nenhuma comunicação. Aos poucos, a mente foi habituando-se à idéia de ter de voltar a apanhar os ditados, mas desconfiava de que poderia vir a ser acusado de malversar o tempo, de modo que a coragem foi transmudando-se em infundado temor. Ao cabo desse tempo, tomou séria resolução: apanharia qualquer ditado que viesse, mesmo que à custa de sacrifício pessoal.

Foi só dispor-se ao trabalho que o orientador compareceu para relatar-lhe minuciosamente a história ocorrida consigo mesmo. Dada a forma de narração impressa ao texto, ficou Sílvio satisfeitíssimo por ter recebido a mensagem de maneira integral, tendo observado, então, que o instrutor era espírito de elevados conhecimentos e de procedimento exemplar no campo específico da orientação de sua educação mediúnica. Ao ler o trecho em que se referia à assistência coletiva dos guias do amigo, pôde compenetrar-se de que, também ele, deveria abrir mais o coração ao plano espiritual, propiciando assim a que todos os espíritos pudessem comparecer com seus dramas e súplicas, mas, alertado para seus sentimentos, passou a encarar os sofredores como irmãos carentes de ajuda e não mais como joguetes de sua curiosidade.

Hoje, Sílvio prossegue apanhando ditados, sendo dos mais procurados pelo plano da espiritualidade para servir de intermediário das mais diversificadas formas de comunicações, atendendo desde instruções particulares a alentados contos de inspiração doutrinal, perpassando pela assistência fraterna a todo tipo de sofrimento.



Queira Deus, bom amigo, que esta narrativa possa vir a ter o condão de despertá-lo para a seriedade do trabalho mediúnico. Em nossas preces, incluímos especial solicitação ao Pai de proteção e socorro a todos os que se propõem a auxiliar-nos no intercâmbio glorioso para honra do serviço evangélico. Queira Deus possamos ver o resultado das preces realizar-se no coraçãozinho do prezado leitor, ávido por integrar-se a esse conjunto maravilhoso que presta assistência espiritual e moral aos irmãos necessitados.

Certamente, titubeios existirão e, muitas vezes, cada um de nós se sentirá na iminência de suspender o trabalho diante das interferências sutis daqueles que se sentem prejudicados por nós em seus maléficos interesses. Saibamos, entretanto, cuidar de prevenir-nos adequadamente, arquivando amorosamente esta mensagem ao lado das especialíssimas, para reacender a chama do devotamento e da confiança na magnetização dos instrutores, sempre que instados por intenções de cessação do trabalho. Se possível, amealhemos estas palavras como se ditadas tivessem sido pelo nosso espírito guardião, aquele anjo guardião de que nos falam as Escrituras, aquele ditoso espírito familiar a quem cabe velar por nós individual e indefectivelmente, como sacratíssima missão de amor, e, onde se for ler subscrito o nome desta equipe, muito alegre e feliz por ter conseguido lograr mais este êxito, ao verificar que o intermediário depositou em nós toda a sua irrestrita confiança, apanhando este ditado quando no coração ouvia que talvez hoje o dia não fosse o mais propício para dar curso à sua mediunidade, assinale jubiloso o nome de seu orientador.

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