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Artigos-->Aimar e os heróis americanos -- 05/05/2006 - 10:08 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Aimar é uma mocinha de 17 anos, criada em meio à classe média alta, gosta de funk e rap brasileiros, mas também se derrete pelos artistas internacionais. Faz o tipo “patricinha” (não sei quem deu esse nome para as moças que andam na moda), adora desfilar nos shoppings centers (e fica brava se alguém traduzir para centro comercial), adora a night e o amanhecer – que é quando chega em casa.



Aimar é terceiranista de uma das escolas mais tradicionais do País. Noutro dia, falou-me que nunca esteve nos Estados Unidos, mas que adora a história americana, os produtos e as comidas enlatadas de empresas estrangeiras e foi infeliz ao afirmar que aquele país tem mais heróis que o Brasil: “os de lá são mais heróis que os brasileiros”.



Como essa afirmação me doeu o ouvido!Tentei convencê-la de que o Brasil tinha tanto ou mais heróis que os ianques. Procurei saber dela o porquê dessa admiração pelos americanos e o desprezo pelos brasileiros. Ao que ela respondeu: “ouvi que eles são mais valentes, determinados e gostam mais do seu país. O brasileiro é o contrário, ninguém se arrisca pelo Brasil...” Coincidentemente naquele dia (12 de novembro de 2005) as manchetes dos jornais estampavam que o Sr. Francisco Anselmo de Barros ateou fogo ao próprio corpo em protesto contra a instalação de uma usina de álcool no Pantanal. Quando expliquei que aquele era um herói brasileiro e que amava o seu país, ela me respondeu: “nada disso, ele é um maluco, isso sim”. Quando expliquei que temos Pelé, o atleta do século, ouvi: “aquele sujeito chato e exibido?”. E fui voltando no tempo e falando de Santos Dumont, de Tiradentes, das pessoas comuns contrárias ao fim do Império que, de navalhas, foram às ruas enfrentar a polícia para impedir a instalação da República. Falei da nossa música e de como foi bom ouvi-la, casualmente, quando estive noutros países. Fiz breves comentários sobre a poesia de Chico Buarque, Caetano Veloso e Vinícius de Moraes e vi que ela desconhecia totalmente. Ela ouviu tudo impacientemente, fazendo muxoxos ou tentando me interromper.



O sonho de Aimar é morar nos EUA, viver como uma americana e esquecer o Brasil, apesar de ela viver nos mesmos padrões de qualquer norte americano de classe média. Ela é o exemplo ideal de pessoa consumista. A mesma indiferença recebi quando lhe expliquei que seus pais lhe dão condições para ser doutora em qualquer área, ser respeitada e ganhar dinheiro, sem precisar passar pelas humilhações por que passam os emigrantes brasileiros que vão morar nos EUA. De novo, ouvi reprovações e vi sua determinação anti-Brasil.



De quem é a culpa de os nossos jovens desprezarem o nosso país? Se ela, que é classe média, detesta o Brasil, o que dizem os filhos da classe baixa? O que as escolas têm feito para valorizar os nossos heróis? Esse tema é complexo e não pretendo explorá-lo citando o trabalho da televisão ou do rádio, nem os costumes imperiais de comprar roupas e móveis da Europa, em detrimento da nossa indústria. Também não quero tratar da falta de investimento no nosso cinema e teatro.



Pois bem, aquela conversa teria caído no esquecimento se Aimar não tivesse me ligado – em tom de provocação –, me pedindo para eu ver os jornais daquele dia (03 de dezembro de 2005), com a notícia de que a D. Marisa Letícia, esposa do Presidente da República, teria solicitado e obtido a cidadania italiana. E tive que engoli a seco: “meu caro João, se a mulher do Presidente está insatisfeita em ser brasileira e pretende abandonar o Brasil, por que eu, euzinha, tenho que ficar?”



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