Aquela estação passou a fazer parte da minha vida, passou a pertencer ao meu coração. Foi numa quarta-feira, eu me lembro, a hora não estou bem certo. Mas sei que aquele sorriso espontàneo veio de abraço a imagem que fazia do amor. Consegui o seu telefone e começamos a namorar.
As portas abriam-se e lá estava Eliane com o seu belo sorriso a me esperar. Nossos lábios se uniam e ficávamos aguardando o próximo trem que não demoraria chegar. Daquele sorriso, daquele olhar, nasceu o amor e ele encontrou abrigo em meu peito. Durante dois anos essas cenas se repetiam. Mas hoje estou só, acho que o Santo ficou com ciúmes e ela partiu, levando consigo um pedaço meu. Ao passar pela estação São Joaquim, sinto uma grande saudade e a tristeza dilacera o meu coração. Olhando a plataforma vazia, já não vejo mais sua imagem alegre, ela se foi como aquele trem que acabou de partir, partindo também o meu eu. Sobre o mármore frio sou capaz de imaginar nossas mãos, nossos beijos, nossos corpos...
E de repente o silêncio é quebrado por um trem que se aproxima e com ele parto a procura de um novo amor...