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Artigos-->Eleitora diplomada -- 31/05/2006 - 09:27 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Noutro dia, numa sexta-feira de abril de 2006, eu vinha pelos corredores da Câmara dos Deputados quando percebi uma mulher que falava com voz alterada a um deputado. Curioso, parei próximo a dois assessores do parlamentar e vi uma mulher de trajes simples, com cerca de 50 anos, fisionomia marcada pelo tempo, com o título de eleitor em riste na mão apontando para o deputado. Ele não é conhecido da mídia. Se fosse teria sido manchete dos jornais.



A conversa já havia iniciado, e ouvi apenas o seguinte:



- O senhor tem o poder, o dinheiro, muitos amigos e pouca vergonha. Eu tenho o voto, tenho o título de eleitor. O senhor acha que é pouco alguém ter um título? Sou titularizada por um Tribunal Superior. E sou juíza neste tribunal. É claro que o senhor está condenado, e no dia da eleição saberá qual a sentença que te aplicarei. Estou sendo sincera, e, se o seu julgamento fosse hoje, o senhor seria condenado. Se não melhorar a sua atitude, no dia da eleição será simplesmente esquecido e desprezado. Contrataremos outro mais competente, sério e honesto.



Quando o deputado ia balbuciar alguma coisa, a mulher o interrompeu:



_Ouça, apenas ouça! Não vim aqui para ouvi-lo. Já lhe dei espaço demais para falar. Já o ouvi nos comícios, na televisão e no rádio. Li todas as suas entrevistas nos jornais e revistas. Você tem a tribuna desta Casa. E olha que nem estou pensando em escândalo. Acompanhei toda a sua trajetória pensando que o senhor fosse decente, que falasse a verdade. Ou o senhor trabalha direito, ou vou ter que demiti-lo. Assim como corri atrás de votos para o senhor, posso fazer o mesmo para o nosso adversário. Não duvide da minha sinceridade.



Dois assessores e o segurança que acompanhavam o deputado ficaram a dois passos do chefe. Como eu passava por ali, parei a uma distância confortável para ouvir. Apenas a mulher falava. Era visível o constrangimento dos colegas. Já o deputado não parecia assim tão incomodado. Aparentemente tranqüilo, olhava a mulher nos olhos e obedecia à autoridade dela.



Ela continuava:



- Não quero ouvir suas desculpas. Nem saber das suas promessas, o que o senhor fez? Em três anos de mandato o senhor fez cinco requerimentos de elogios e dois de pesar de falecimento. E os projetos de emprego, saúde, educação e moradia que você prometeu? Como professora e cidadã que paga impostos estou sustentando toda a sua família, e o senhor nem se importa com a minha! Vou começar uma campanha para inverter o papel. Nas próximas eleições a sua família poderá ter mais um desempregado. E passe bem!



A mulher deu as costas e foi-se embora. O deputado virou-se para nós e apenas disse: - Que sujeita mais maluca, hein!

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