Nesta época de copa do mundo, anestesiado, o povo busca um lenitivo no esporte, carrega suas esperanças no futebol...e o país se veste de verde e amarelo. A onda auriverde se espraia pelas ruas, lojas, bares, edifícios, casas e segue no vestuário das pessoas. Todos querem faturar com o episódio.
E eu fico pensando como é fantástico este entusiasmo, esta paixão, este fanatismo. Como ele poderia ser canalizado para outras conquistas, outros motivos e como se poderia extrair êxitos retumbantes caso se pudesse atrair a atenção das pessoas das mais diferentes camadas para um objetivo comum: alfabetizar, criar oportunidades de emprego, distribuir melhor a renda, votar em pessoas confiáveis.
E eu vinha vindo para o tribunal, para por em dia alguns processos neste domingo quando, em pleno Eixo Monumental, vi-o.
Vinha bêbado, de bermuda suja e rasgada, ele mesmo sujo, barbado, cabelos desgrenhados, rindo à toa, mostrando a dentadura cheia de falhas e de dentes podres, mas, feliz da vida, agitando uma bandeirinha do Brasil, fazendo a sua festa solitária e simples, os pés enfiados numa sandália de borracha, caminhando tropegamente, seguindo um rumo que ninguém sabe - retrato fiel deste nosso Brasil tão frágil, tão simples, tão ingênuo, tão desprotegido. |