Não se deixa órfãos os que nos dão vida...
neste momento, paradoxo, a orfã sou eu!
Chorei tanto nestes dias...
de mim, de "nós"
de meu medo do medo de estar Só!
Há orfãos que têm pai, que têm mãe,
que preferiam ser órfãos reais,
não de alguém!
Há filhos, não gerados, não paridos.;
há os destroçados por terem sobrevivido
e serem órfãos de pais vivos!
Há pais, não condizentes com a função!
Os bons...estes já foram...
Os maus... (talvez como eu...)
infelizmente, em vez de serem mais,
deixam seus filhos sem mãe, sem pai!
Choro!
Choro o que não sei...o que não vejo,
choro o tempo perdido em sonhos e ilusões,
minhas histórias vividas em vão.
Choro o meu chão!
Choro
o nascer do Deus-menino
que pagou
com uma coroa de espinhos,
sozinho, nossa absolvição.
Choro meu Natal!
As luzes encantando a cidade,
a multidão que de loja em loja
paga seus erros em contas no balcão...
Mas não abre a bolsa ao pivetinho
órfão da solidariedade do cristão!
Choro o menino-Deus tão nu,
homenageado
por reis, pastores...animais,
mas tendo ao lado
verdadeiros pais...órfãos do Filho
crucificado no final!
...por que choro tanto afinal?
Afinal é ou não, NATAL?!
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