Está combinado, tristezas, só no ano que vem - e olha lá. O negócio é programar o nosso computador de sentimentos para tirar proveitos da vida, pois ela escoa com uma rapidez inacreditável: quando a gente menos espera, o ano já passou. Estamos em pleno final de junho, com direito a copa do mundo, festas juninas, arraiais, bandeirinhas coloridas, misturadas com o auriverde das cores da seleção brasileira. E o semestre passou tão furiosamente ligeiro, que eu chego até a pensar, como o grande filósofo das coisas provadas, que durou apenas dois meses.
O melhor é filtrar as coisas ruins, deixa-las passar pela peneira, jogando a borra fora, para não grudar nos dedos, porque contamina tudo inesperadamente.
É imaginar que as nuvens cinzentas de agora são sempre passageiras, jamais estacionam diante do nosso campo de visão e, por mais difícil que seja a gente imaginar, nossos astros prediletos estão sempre acima delas, apenas aguardando que o firmamento clarei para brilhar.
Duas pessoas distintas - eu já escrevi sobre elas noutra ocasião - deram o roteiro para ser alegre sempre, procurando nas fímbrias que a vida dura do dia-a-dia nos oferece, receitas simplérrimas de felicidade: um, matuto do interior do Piauí, que de bobo só tem o jeitão caipira, que me falou, exatamente, como está colocado nas primeiras linhas, que não ficava triste nunca porque seu computador era programado para só ter alegrias; o outro, um velho cubano residente nos Estados Unidos que, quando lhe perguntávamos como estava, respondia invariavelmente: SIEMPRE BIEN!
E jamais os vi tristes. No semblante, no olhar , nas atituides, a confiança dos iluminados, o gosto pela vida daquelas raras pessoas que nunca se deixa azedar, que espera da vida os melhores sabores, os mais intrigantes sabores, aproveitando ao máximo a brevidade, a terrível brevidade da existência humana. |