BRuxa
maria da graça almeida
Minha bruxa é brasileira!
Mora no meio do mato,
não usa tênis, de fato,
no pé, nem mesmo sapato.
Jamais provou coca-cola,
no inglês, a língua enrola,
nunca mascou um chiclete,
vírus não pôs na Internet.
Fuma cigarro de palha,
estranho pó, não espalha,
desconhece o tal do antraz,
de maldade, é incapaz;
não possui televisão,
bombas, só no São João;
nunca o braço fez asneiras,
minha bruxa é brasileira!
Jamais viu homens na lua,
nem, sacrifícios de rua;
nunca voou em vassouras,
só sua “cuca”, alto, voa.
Não remexe o caldeirão,
jamais teve a intenção,
fogo só lhe sai das mãos,
em direção ao fogão;
não separa as bandeiras,
ela é mesmo brasileira!
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(Esta outra aqui, não sei, não...)
A bruxa
maria da graça almeida
Velha má e horrorosa,
rude, seca, mal amada,
ela é tão poderosa,
mesmo feia e desdentada!
Verrugoso e adunco,
seu nariz, no caldeirão,
vai cheirando os ensopados
de lagarto e escorpião.
Há quem jure tê-la visto
na vassoura bem montada
a voar, o velho mito,
ressoando gargalhadas.
Dita a velha tradição
que, depois de seis irmãs,
a seguinte nasce bruxa,
esta é a maldição!
Hoje, em muitos povoados,
vilarejos ou cidades,
sempre há uma mulher
a fazer muitas maldades.
Curiosa a examino,
procurando-lhe a verruga
mas, às vezes desanimo,
ela só é nariguda!
Maria da Graça Almeida
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