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Infantil-->DONA BARATINHA NÃO CASOU -- 12/06/2008 - 10:58 (MARIA HILDA DE J. ALÃO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




DONA BARATINHA NÃO CASOU
 
 
Maria Hilda de J. Alão
 
 
Havia chegado o dia do casamento. A baratinha Mimi estava nervosa. Também, com tanta coisa para fazer, não há cabeça de barata que agüente. Ela fiscalizava tudo, desde o local onde seria erguido o altar até a cozinha. Tudo estava se encaminhando certinho, do jeitinho que ela idealizou.

Os dois cozinheiros japoneses, Sushi e Sashimi, no salão de festa, davam os últimos retoques na mesa terminando os seus afazeres. A mesa, no estilo japonês, estava maravilhosa. No centro o bolo de noiva, em forma de templo budista, chamava a atenção pelos detalhes artísticos. Realmente, os dois irmãos eram artistas pra ninguém botar defeito. Mimi foi para seu quarto. Era hora de se aprontar para o casamento. Pôs o vestido branco de longa cauda, calçou os sapatinhos de vidro e, acompanhada do pai, saiu rumando para o altar.

O altar, enfeitado com flores brancas, era simples, mas de bom gosto. Foi a melhor amiga de Mimi, a baratinha Taari, quem cuidou dessa parte. Os convidados foram chegando e, só se ouvia: “ó, que beleza de altar!”. A música suave, executada pelo organista Kybarato dava o tom romântico ao ambiente. O coral, formado pelas jovens baratas, integrantes da banda gospel Dakisaibarata, muito querida da juventude barateana, ensaiava a canção que cantaria no momento do “sim”. 

Mimi chegou ao altar. E o Noivo? Este ainda não tinha aparecido, fato que deixava a sogra de Mimi preocupada. Quando ela saiu com o marido o filho, Soyumbarato, estava se preparando para o casório. Por que estaria atrasado? Nesse exato momento, sobrevoando o altar, uma barata mensageira, grande e cascuda, deixou cair um pedaço de papel. O pai de Mimi, apanhando o papel, leu rapidamente e o passou para a filha. A baratinha estremeceu. Abriu a missiva e leu:
“Querida Mimi.
Perdoe-me pelo vexame que a fiz passar, mas a verdade é que não poderia me casar com você estando apaixonado por outra barata. Faz algum tempo que eu conheci a linda baratinha mexicana Cucaracha, e foi amor à primeira vista. Quando estiver lendo esta, eu e Cucaracha estaremos num navio cargueiro rumando para o México. Seja Feliz.
Seu amigo
Soyumbarato.”

Pronto! O casamento acabou. Os convidados foram saindo, decepcionados e cochichando entre si. Que vexame! Mimi chorou muito. Ninguém conseguia consolá-la, até que seus dois amigos, Sushi e Sashimi , acercaram-se dela dizendo:
- Sinhôra baratinha non prerecisa ficar triste, non. Japonês tem sorução para tristeza.

- Ah, meus amigos e que solução vocês têm? – perguntou Mimi enxugando os olhos.

- Qui sinhôra vai fazê com cumida de festa? – quiseram saber os dois irmãos.

- Ainda não sei, meus amigos. Podem me dar uma sugestão?

- Eu shugiro qui sinhôra....

- Cara a boca, Sashimi! Eu dá shugestão.... – disse Sushi nervoso.

E Sushi, cochichando ao ouvido da baratinha, fez os olhos dela brilharem de alegria.

- É isso, é isso, é isso! – saiu gritando Mimi arrancando o véu de noiva, os sapatos de vidro e, jogando para bem longe o buquê, pediu:

- Esperem por mim, meus amigos! É só o tempo de eu mudar a roupa.

Quando ela voltou, a comida já estava toda embalada. Os dois japoneses trabalhavam rápido.

- Amigos, esta idéia de dar a comida para a ABACA (Associação das Baratas Carentes) é demais. Há tanto desperdício de alimentos neste mundo em que uma grande maioria passa fome.  Vamos, meus queridos!

E chegando na ABACA, Mimi e seus dois amigos foram recebidos com muita alegria. Ali se consumia muito alimento com as baratinhas em fase de crescimento, e qualquer comida era bem-vinda. A partir daquele dia, Mimi se tornou mais uma barata voluntária. Ela passou a ajudar na parte de arrecadação de alimentos. Aprendeu a aproveitar tudo. Ela dizia: “até a casca da banana pode ser aproveitada.”

Tempos depois, Sushi, voltando do Japão, foi visitar Mimi, sua amiga querida, e ficou admirado com a mudança da baratinha.

- Sinhôra Mimi, non rembra mais di Soyumbarato?

- Lembrar eu lembro, mas não com raiva. Ele foi o barato da minha vida. Procuro lembrar só dos bons momentos. Ficar remoendo mágoas e tristezas não leva a nada. É preciso ocupar a mente, encher as mãos de trabalho que tudo se esquece e se perdoa, e isso eu fiz graças a você e Sashimi.
E assim viveu a baratinha Mimi, voluntária da ABACA, ajudando aos que precisavam, trabalhando duro para melhorar o mundo.
 
12/06/08
 (histórias que contava para o meu neto)

 


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