Visitando as páginas dos senadores na internet (http://www.senado.gov.br) e analisando os curricula de suas excelências, vê-se que a maioria são graduados em curso superior e dentre eles estão médicos, engenheiros, professores, enfermeiros, políticos de carreira, escritores, empresários da construção, da educação e das telecomunicações, diplomatas, religiosos e outros.
Como se vê, esta legislatura é composta por uma variedade de influências, pensamentos, idéias e iniciativas de diversos setores da sociedade. É assim que se presume que deva ser o parlamento, composto de vários setores para representar a sociedade como um todo.
Porém, ainda faltam outras profissões, tais como pedreiro, alfaiate, pintor, mecânico, açougueiro etc. Se estas profissões se juntarem àquelas de nível superior aí sim a sociedade estaria plenamente representada. Mas esta legislatura representa apenas a classe mais privilegiada. É de se supor que esta classe sempre vai votar e discutir projetos que digam respeito a seus interesses. Por mais que discutam projetos e propostas que beneficiem as classes menos favorecidas, as votações serão realizadas em favor dos mais favorecidos, pois não têm como escaparem do corporativismo. O maior exemplo desse corporativismo é que não se aprovou matérias com conteúdo substancial para melhorar a educação¹, a saúde, a segurança ou a moradia popular.
No início dos anos 90, numa discussão sobre política, alguém disse que o Congresso não aumentava o salário mínimo porque a maioria dos parlamentares eram empresários e com isso acabariam encarecendo suas próprias folhas de pagamento. Em contrapartida, se o parlamento fosse composto de pessoas mais humildes, vindas das classes menos favorecidas, as ações para diminuir a distância e para alçar as pessoas mais humildes a uma vida melhor seriam mais efetivas. Todavia, “as personalidades do centro se alinham e não deixam as periféricas chegarem ao poder. Usam linguagem própria, abusam do poder econômico.”
E como, então, fazer para que as pessoas mais humildes e menos favorecidas cheguem ao poder? Não é tarefa das mais simples, mas alguns caminhos têm que ser seguidos:
1. O pretenso candidato tem que mostrar aptidão para a vida pública.
2. Como lhe falta dinheiro para investir em propaganda que alcance um grande público, é fundamental que ele comece suas ações no próprio bairro, na vizinhança.
3. Mostre-se comprometido com uma causa específica. Se optar por defender todos os problemas brasileiros, pode tornar-se prolixo e cair em descrédito perante os eleitores.
4. Depois de consolidado o assunto a defender, deve filiar-se a um partido político que tenha os mesmos interesses.
5. Nunca trair os eleitores. Deve ser sincero mesmo correndo o risco de perder alguns votos. Os eleitores que fogem porque o candidato os contrariou voltam, se perceberem que o político é uma pessoa séria e coerente.
6. Os eleitores satisfeitos não desejam mudar de candidato a cada eleição. O candidato é que obriga os eleitores a mudarem o voto.
7. Mesmo sendo iletrado, o candidato deverá aproximar seu discurso ao da classe mais privilegiada, pois é ela quem determina o que e como se fala.
¹ Sobre educação em junho foi aprovado o FUNDEB que não modifica substacialmente a educação.
|